sábado, 15 de dezembro de 2012

*** CROSSDRESSING E S/O *** crônica






                 *** CROSSDRESSING E S/O ***


                  Amigas, quando o  crossdressing de uma de nós é repassado, descoberto ou contado, muito frequentemente "assusta" a parceira. Muito natural que tal situação venha a ocorrer. Afinal, é o confronto do tudo o que você passou e que agora "acha" normal " com o comportamento do estereotipo que sua parceira sempre espera encontrar... É importante então, demonstrar, que não houve mudança de ordem alguma, que essencialmente és a mesmíssima pessoa. A única diferença é, e este é o "mote" a ser explorado; de que sua parceira agora sabe e pode eleger compartilhar ou rejeitar de uma parte significativa de sua pessoa...
      De uma forma ou de outra, pode ocorrer que sua parceiro corte relações, se recuse a reconhecer a realidade da situação, exija que vocês abandonem de imediato o crossdressing, ou que façam suas "desordens genéricas" longe das vistas... Ave...este processo pode conduzir a ressentimento e hostilidades pela frustração mútua de ter assuntos não resolvidos. E acreditem, queridas... acontece!
      Não é uma coisa fácil negociar uma aceitação. E a palavra que me parece mais apropriada aqui é NEGOCIAR mesmo. Ela raramente virá de forma automática e sempre será improvável ser total ou incondicional, dadas as ameaças das condições relativas à sua própria sexualidade, estima, ego, emoções e preocupações outras, referentes aos possíveis embaraços, ridículo e a alienação... É por isto mesmo que é essencial que antes de vocês embarquem em qualquer curso de ação, que estejam devidamente informadas, ou que possuam argumentos sólidos e válidos para poder defender seus "Extremamente difíceisl" pontos de vista. Literatura do assunto deve ser procurada e deve ser estudada à exaustão. Lembrem-se queridas, é a situação de suas vidas que está em cheque!!.
        Ter aconselhamento profissional pode vir a ser uma consideração válida. Eu disse que "pode" meninas... Mas nem tudo que reluz é ouro, rsrs. Se vocês acharem que um analista, um psicólogo ou psiquiatra pode ser de valia para a situação, não devem desprezar a opção. Nós temos no BCC, associadas que já passaram pela experiência. Pessoas que conhecem o que é o drama, que sentiram na pele a dor e a ansiedade de ter que viver com a situação. Gente que conseguiu o intento de ter a "pedra" tirada das costas... Outras que não conseguiram resolver o drama e algumas que atingiram uma "meia boca"...
        No entanto, o que é válido aqui é REFORÇAR o tópico onde eu disse que vocês devem estar "armadas" para a batalha...ou seja, devem saber tudo e mais um pouco pra este "vestibular". Lembrem-se no entanto de que ter compromisso é Essencial... Relações sobrevivem por trocas, não é? Vida é composta e regida por uma série de negociações. O crossdresser vai requerer tanta liberdade quanta vocês darem em troca. Quebrar paradigmas, certos tabus ou restrições não é apenas uma tarefa que a parceira terá pela frente, como sendo uma espécie de castigo...A troca estará valendo aí... REVEJAM conceitos vocês também.
        Essencialmente vocês terão interesses contraditórios, mas estes podem ser solucionados freqüentemente através de negociação e podem ser assumidos compromissos de ambos os lados. Depois da exposição da situação eu penso que começa a existir um tempo ideal para vocês reciprocarem e compartilharem assuntos concernentes ao ego interno, relações, etc. A intimidade destas novas realidades e coisas que tais... ( Eitcha Paula Andrews...rsrs ), DESDE que sejam efetuadas com sucesso, podem resultar em um laço mais forte e proximidade entre vocês ambas, do que aquela que previamente existiu. Penso ser um tempo quando a relação pode ser examinada, medida e reabilitada; para alcançar uma felicidade madura por compromisso, por respeito e entendimento. É improvável que qualquer um tem qualquer coisa mais dura de descobrir que um assunto de identidade de gênero.
      De novo vem à baila a massificante educação machista de que somos TODAS vítimas. Vocês e elas, as parceiras. Para muitas, a revelação é o renascer para os anos de frustração e angústia. É comum que esta supressão que marcou tantos durante anos resulte em pessoas reclusas, mal-humorados e deprimidas. Até o álcool, drogas ou comportamento violento pode ser a resposta altamente indesejada para a frustração de suprimir o crossdresser. Muitas de nós tiveram primeiro suas vidas mudadas ao se aceitarem como são; e quando por fim, conseguiram sucesso ante suas parceiras, tiveram uma paz interna tal que a superação destas tensões e dependências é achada... Por ser desgastante, a questão não é colocada aqui como sendo uma luz definitiva. Longe disto, apenas quero que saibam que vocês não estão sós.
      Até porque somos todas tripulantes da mesma nau e isto nos torna, a todas, possuidoras do mesmo "feeling"...do mesmo dom divino ou da mesma maldição de Montezuma...
          Beijos...
          MariaAntonietaRdeMattos

*** O AMOR... *** poesia




 
*** O AMOR... ***
 
I
 
Diga-me quem sabe: como é que são feitas
as ligações do amor que tanta gente prende?
E como, depois de tanto tempo não tende
a se acabar, a ter suas malhas desfeitas?
 
II

E como se faz o arco de amor que nos vexa,
que nem o aço ou valor humano defende?
E como ou onde está, aquele que a vende
seja de chumbo, prata ou ouro, tal flecha?
 
III

Dizem que ele é pequeno, mas como vem
a vencer quem lhe maior? E  mesmo  cego,
sua flecha jamais erra o coração e o ego...
 
IV
 
E sim...como todos escrevem, sempre tem
um sorriso maroto ao nos por na sua mira...
E a flecha sempre fatal... Ninguém mais tira!
 
MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008

*** AMOR PROFANO... *** poesia




*** AMOR PROFANO... ***
I
Em pura paixão  vivia o sentimento
por um amor, e quanto mais eu sentia;
só de olhar-te, ao menos, se desfazia
e me  aliviava de  todo meu tormento...
IIE então, sem ter nenhum fundamento
caiu por terra a relação  que florescia...
Mostras-te um lado que eu não conhecia,
deixando apenas o fel no  entendimento...
III
Agora nasceu um desdém muito humano,
que corrói muito rápido, que tem desfeito
o que fez nosso amor neste ultimo ano..
IV
E olho sem saber o motivo do engano,
caminho perdida em sendeiro estreito
porque deixei-me levar por amor profano...
 
MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008


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*** TORMENTA... *** poesia




                            


*** TORMENTA... ***
 
I
Procuro fugir de todo este encarecimento,
não há engano em versos que acompanho...
Só quero aqui mostrar o mal tamanho,
que se sente ao terminar um sentimento...
II
Quero mostrar assim como é que o sinto.
Tão novo para meu mundo e muito doído...
Na minha alma  fez tal rombo e tal rugido
que agora me vejo só,  em um labirinto...
 
III
Assim, mostrando ou fazendo ser contada,
minha paixão poderá servir para entender
e evitar os mesmos erros  de minha estrada.
IV
E para porto mais seguro endereçar-se
aquela que quiser escapar, sobreviver;
e da tormenta de tal  paixão...  salvar-se...
 
MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008


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*** PERGUNTA... *** poesia





*** PERGUNTA... ***
I
- Diga-me...Porque  triste te consomes
doce bem?

Porque te olho e vejo assim tão abatida,
pobre flor?

Onde estão tuas galas,  perfume da vida
e a tua cor?
 
Alguém...no delírio devorante e louco de
um amor,

foi te secando assim, pouco a pouco com
desdém..?


II

- Ah...sofro porque mesmo amando
com toda  fé e devoção,

não quis amar-me de forma igual a criatura
que eu amei...

É por isto que sem galas estou secando; é
que eu sei

que vou chorar a dor maldita sempre assim;
secando no chão...

III

E assim respostou-me  a pobre flor!...
Eu gemi... Era igual a memória de meu amor...


MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008

*** E NO FIM... *** poesia




                                  


*** E NO FIM... ***
 
I
 
Pois bem, já não preciso dizer
que te adoro,
e dizer que te amo com todo o
meu coração...
Mas eu  não sofro,
nem ao menos choro,
e eu posso tanto que o grito
onde te imploro,
está tão morto como 
minha última ilusão...

II
Eu durmo tranquila e feliz
já há muitos dias,

não estou doente e nem pálida,
de tanto dormir...

Ah.. minhas noites nem são negras
ou sombrias;

Que bom estarem vivas
 as esperanças e magias

e poder sorrir feliz
ante o que está por vir...


III

Ah, já sei que teus beijos,
 só restarão flashes frios;

e que teus olhos não me
compreenderão jamais...

Que bom não te querer mais,
em loucos desvarios;

em vez de amar teu desdém,
achei novos desvios,

É só apagar tua imagem,
me assolando mais e mais...


IV
E à noite, ao recostar
a cabeça nas almofadas,

depressa em outro mundo
o espírito faço volver...

Caminho muito, muito...
E ao fim da jornada,

teimosamente no entanto,
qual uma alma penada;

tua imagem indesejada
volta a aparecer...


V

Penso que ao querer dar-me
tua eterna despedida,

pensastes em apagar de nós,
 destruir esta paixão...

Mas que não saibas, em vão
tento manter-te esquecida,

Que queres que eu diga,
pedaço de minha vida;

que queres que eu faça
com meu morto coração? 


MariaAntonietaRdeMattos.fevereiro de 2008

** PEKENA AVEZINHA ** poesia




                                                      


** PEKENA AVEZINHA **

I
Sou árvore que o destino  afundou
em amargura,
no patíbulo de onde se morre
penando de dor...
E, arrancando uma a uma,
as defesas de loucura;
só para beijos  do céu terei
chances no amor...
II
Depois que as folhas caírem
pelo próprio peso
e pelo inverno que ruge em ventos
sem cessar...
Minha seiva  terá se congelado
com o beijo
que o anjo do inverno me deu
ao me atravessar...
III 
Depois...é necessário que tu
também vá embora,
em busca de outras florestas,
outros céus sejam teus...
Então, te alces de teu ninho,
alce vôo e vá agora;
sem escutar por meus rogos e
sem dizer-me adeus...
IV
Eu estava só e triste
quando a noite fria te trouxe aqui.
Asas brancas e cansadas,
para aconchegar-te à mim...
Então entre minhas folhas enfermas
eu de novo sorri,
e desabrochei em folhas e flores, 
um pouco feliz enfim...
V 
E entre eles cedi o ninho risonho
em que dormias,
de amor e de venturas entre balanços
e vai e vem...
E nele te embalavam sempre,
as noites e os dias;
felizes com o carinho e
sempre te amando também...
VI
Ah!! Nunca em meus delírios,
pensei ser eterno,
o sol daquelas horas
de puro encanto e frenesí ...
Mas tampouco o sopro,
terrível do inverno;
chegou tão rigoroso,
estando você por aqui...


VII
 Então adeus.
Adeus enquanto ainda se pode,
antes que fiquem mais triste ainda
os olhos meus...
Vá... E eis que então voas
em ímpeto que explode,
e me deixas pelo calor...
Pekena avezinha, adeus...


MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008

*** QUE VOEM AS HORAS *** poesia




                                          


*** QUE VOEM AS HORAS ***
I
Minha alma é pura
feito uma jóia
que para se abrir
enfim para a vida,
quer ter a calma
adormecida,
das sombras da noite
que a apoia......
II
Anseio e busco
por um abrigo,
o mais tranquilo
e espesso...
Tenho pavor de furo,
de tropeço,
e tais coisas
acontecem comigo...
III 
E se temo
e me cerco de cautelas,
testemunhos
de meus amores...
Não quero ver
mais do que flores,
mais que montanhas
e estrelas...
IV 
Conheces acaso 
gruta que contribua,
de onde poderei,
como em um docel;
desnudar-me dos pudores
e do véu,
quando me tiveres
sob a luz da lua?
V
Então, minha alma
colada na tua,
Como se fossem apenas uma,
estreitadas,
dormirão felizes,
exaustas e saciadas
de amor
e  inenarrável alegria...


VI
E antes que as aves
madrugadoras,
seu alegre e rápido vôo
levantem...
Que entre as árvores
frondosas cantem
a volta das luzes do dia,
acalentadoras;
VII
Me deixes em casa, amor,
em meu abrigo,
e em meu quarto,
com magia encantadora
estarei pensando em ti,
toda  sonhadora;
e que voem as horas,
para voltar contigo...

 
MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008

*** BERNARDO...*** conto




                                                
    *** BERNARDO...***
Gente, eu conheci o Bernardo, aí uns  três dias depois da sua morte. A morte ainda estava fresca em seus olhos e ele ainda tinha aquele ar de quem se desligou recentemente da vida. O Bernardo ainda não havia se acostumado como sua nova condição, ele morrera assim de repente, como todo mundo. Assim que fizemos amizade ele falou-me com tristeza daquele dia em que havia acordado do sonho da vida. Não queria morrer, claro, ninguém queria morrer, por que a vida;  ah! Vida era tão boa...Ele me disse que nem mesmo aqueles que metem uma bala no ouvido queriam morrer, por que aqueles que metem uma bala no ouvido já tinham morrido antes e a bala era apenas a consumação de um fato. E o Bernardo vivia dizendo estas coisas, o que me deixava até meio constrangida. Ele me disse que alguns vivos já haviam morrido sem saber e que nem se espantavam com o beijo gélido e final da morte. Muitos mortos que ele conhecia viviam da ilusão de ainda estarem vivos.
          Eu achei estranho, porque os mortos não viviam, mas aí ele disse que a vida e a morte estavam confundidas, porém em equilíbrio e que viver e morrer era quase a mesma coisa, pois quando se morre há pouca diferença a não ser pela a ausência do corpo. Daquele dia em diante bernardo passou sempre a andar comigo. Andar... rsrs... Bernardo  não andava, mas estava sempre do lado e ia a todos os lugares, era uma boa amizade aquela. Bernardo  tentava me ensinar das coisas da vida. Muito da vida, aliás. Ele só falava da vida e, apesar do meu interesse mórbido pela morte, quando eu lhe perguntava sobre a morte ele dizia que a morte não era nada, não havia nada, tudo era um vácuo profundo... Por isso que os mortos tinham uma obsessão doentia pela vida; justo agora que já estavam mortos! E tempo vai, tempo vem, o Bernardo acabou por me contar de  sua vida. Falou dos primeiros anos, da infância feliz, da juventude aventureira, dos primeiros amores, do casamento, dos filhos, dos sonhos, das desilusões, dos anos de plenitude, tudo uma busca enlouquecida para justificar esses pedaços desconexos que a gente chama de vida.
         Um dia Bernardo me contou que o maior momento da sua vida fora aquele entre o estampido do revolver e o tempo que a bala levou para se chocar contra o seu crânio atravessando seu cérebro deixando uma mancha de sangue e aquela coisa branca, pastosa no chão da cozinha. Nunca me contou porquê, mas disse que quem apertou o gatilho foi um amigo... Aí ele falou de amigos com aquela desilusão de alguém que tinha sido assassinado por um amigo... Agora que o Bernardo  não estava mais comprometido com o tempo e o espaço,  podia fazer coisas incríveis.! Um dia ele tentou me ensinar a Metafísica do Ínfimo, me colocou de cócoras ante o pôr-do-sol até escurecer. Bernardo não tinha mais olhos para ver aquilo e nem pra chorar; por isso não chorou, mas ficou tão triste que me deu uma pena danada dele. Ele disse para eu nunca esquecer daquele crepúsculo, pois ali estava o toque supremo de alguma coisa que a gente tão ingenuamente chamava de Deus... Me pediu que encontrasse um sentido pra minha vida e que construísse meus dias em cima deste sentido.
          Fiquei olhando para ele sem entender direito e ele foi desaparecendo, desaparecendo, até eu nunca mais poder vê-lo. Gente, eu gostava de Bernardo, das coisas que ele dizia, gostava mesmo... Uma vez ele me disse que a gente nunca pensa com respeito na nossa própria vida. Ouvir isso de um morto faz a gente pensar duas vezes antes de atravessar a rua. Ele era um sujeito extraordinário e eu ficava até enternecida com a sua sabedoria de defunto, mas eu achava Bernardo meio triste, sei lá, meio morto, as vezes ele até sorria, mas era só pra me agradar, os mortos não riem. Sorriso de morto é uma coisa meio patética, por que a morte, a morte... não é nada engraçada...

  MariaAntonietaRdeMattos.
   fevereiro de 2008.

*** ESTÁTUA... *** poesia




                                      


*** ESTÁTUA... ***
IOlhada assim
 no meio da pedra escura,

com ares de um soberbo
e gentil galã..
.
Não nos parece a brota
 prematura,

de uma grande raça
a se firmar amanhã?...
II
 
Assim uma raça inabalável,
mui sana,

talhada a golpes
sobre o mármore duro;

desde os grandes embates
e lutas do futuro,

desalojará toda
a família humana...

IIIOlhada assim de relance,
com toda a augusta

calma, impondo uma nudez,
que nos assusta...

Deus!! mexe neste corpo,
dê alma à aberração... !!
IVVeja, pai, a grandeza
e suas formas a dormir...!

veja-o  no pedestal,
sem a menor atenção atrair...

Mas segue pobre e imóvel,
sem alma e sem coração ...


MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008

*** MENINA... *** poesia




                                            


 *** MENINA... ***
 
I
 
A menina sentada
nas margens do rio,
lendo poesia do livro
de um baú;
te mostra que nem tudo
está tão trocado...
Que tem gente que sonha,
 o mesmo que tú...
 
II

Aqueles que lendo
de sonhos de  outonos,
de mundo de romance,
de reino de amor...
Sentem que podem
também serem donos,
dos sentimentos
que brinda o autor...
 
III

Sonham em serem
amados, como na poesia,
por seres perfeitos
de realidade sem dor...
Seres que falam 
ao som de suave melodia;
e o que se ouve 
só representa o amor...
 
IV
A menina do rio 
os seus olhos levanta,
vendo que a tarde
já quase se passou...
Lendo as poesias
que tanto nos encanta,
olha o relógio...
nenhum tempo restou...
 
V

Com pena e suspiros,
recolhe seus sonhos,
os guarda nas folhas
que voltarão ao baú...
Por uma trilha ela corre,
 semblante tristonho
de volta ao seu mundo
 onde tudo é tabú...
 

MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008

*** SEM NEXO... *** poesia








*** SEM NEXO... ***
 
I
A porta...franca;
o vinho desce suave...

Nem era matéria
e nem espírito. Traía
 uma luz matinal
de mais um claro dia,

numa ligeira inclinação
de acento grave...
II
Não tinha ritmo
nem mesmo harmonia

ou uma cor. O coração,
bem que o sabe...

mas... não há forma
e nem em forma cabe...

porque dizer o que era,
também não poderia;
III

Língua, barro preto mortal,
cinzel suspeito...

Há que deixar a flor intacta
em inepto conceito;

nesta clara noite
que chega e se espalma... 

IV

E canta mansamente,
mui humildemente;

a sensação, a sombra
e o pálido ocidente,

enquando em burburinho
 me enche a alma...
 
MariaAntonietaRdeMattos.fevereiro de 2008

*** VENCIDA... *** poesia




                         

                           


 *** VENCIDA... ***
 
I
 Eles se aproximam,
me tentam, me seduzem,

teus dedos ligeiros,
curiosos e em adoração...

Ai... Eles dissolvem
minha carne na tua mão...

À linfa morta,
areia e sangue me reduzem...

II

Consinto que na  pele
tuas mãos ambiguas,

se demorem, carnívoras,
loucas e vorazes...

E qual fossem mil insetos,
bichos audazes;

voltando a renovar
as feridas mais antigas...


III

A fêmea ardente
que habita minhas entranhas,

confundindo teus dedos
céleres com aranhas,

se estremece convulsa
arrepiada e dolorida...


IV

Espasmos em todo corpo
 a um canto, caído...

O corpo atormentado,
bendizendo agradecido;

e olhando-te extasiada...
entregue... vencida...
MariaAntonietaRdeMattos.fevereiro de 2008

*** A QUEM ME QUEIXAREI? *** poesia





 
*** A QUEM ME QUEIXAREI? ***

I
 
A quem me queixarei
de meu inimigo?

Ao tempo?
Não há razão que me há burlado...
Ao céu?
Não é  juízo aos meus cuidados;
nem ao fogo...
Ah! o fogo já dana comigo...

II
  
Ao vento?
Ele já não escuta minha fadiga,
já que de minhas esperanças
é ocupado...
Ao amor? rsrs ...
Ele é meu adversário declarado...
e em condenar-me pensa,
e mais se obriga...

III
 
Caí na orla do mar,
de minha parte intento;
filis ingrato,
e só para ti, de tí me queixo...
Que me julguem,
pelos código mais antigo!
IV
 
E o tempo, o céu,
o fogo, amor e o vento;
que chorem minha sorte,
pois a minha causa ora deixo
em tuas mãos; amor...
Você, meu declarado inimigo...
 
MariaAntonietaRdeMattos.
fevereiro de 2008.

*** TEM DIAS... *** poesia






*** TEM DIAS... ***

I
Tem dias em que somos tão ágeis,
mas tão ágeis,

que nos custa esperar
o que está lento se acelerar...

Talvez debaixo de outros céus,
menos instáveis,

a vida seja grande, rápida e aberta...
Como o é o mar!..
II
E tem dias que somos tão férteis,
mas tão férteis,

como em abril é o campo,
transpirando ilusão...

A alma em festa
está transbordando de paixão;

enquanto Cupido
se exercita com seus projéteis...
III
E tem dias que nos cercamos de cautelas,
tantas cautelas,

como a entranha obscura
de tenebroso pedernal...

Pois a noite nos surpreende,
com pontos em iluminadas telas,

que mostram moedas...
cunhadas de bem e de mal...

IV
E tem dias em que somos tão plácidos,
tão plácidos,

(canções no crespúsculo
e querubins bem à frente)...

Que um verso,
o sorrir  que uma criança abre pra gente,

nos arrasa com o mal humor
e os gestos ácidos...

V
E tem dias em que somos tão carentes,
tão carentes,

que ao se deparar com o ser
em talhe de homem;

vem à nossa mente carícias,
onde as fadigas somem;

e o calor que nos toma
deixa-nos a todas ferventes

VI

E tem dias  tão opressivos,
tão opressivos,

quanto é rouquenho
um pio de coruja...

A alma geme
em meio às dores que nos enferruja;

e  tem dores que nem Deus
se digna amenizar os motivos...

 
MariaAntonietaRdeMattos.fevereiro de 2008.

*** DEMENTE... *** poesia




 *** DEMENTE... ***
I
Desde aquele rincão ,
banhado pelos fulgores

do sol que em nosso céu
triunfante reina;

da florida terra onde
entre tantas flores,

transcorreu minha infancia
doce e serena...

Envolta nas recordações
de meu passado,

que se perde
como as distâncias no horizonte;

guardo um estranho exemplo
nunca apagado,

de um maluco,
o mais raro  no monte..

II
Ainda não sei se ele era sábio,
louco ou prudente,

era daqueles  homens
que apenas de andrajos se cobriam...

Só sei que quando o olhavam,
toda a gente,

com profunda reverência
se descobriam...

E é porque seus gestos,
severos e nobres,

a todos assombrava
como se fora arrogante:

Porém até os roçeiros,
humildes e pobres,

sentiam-lhe uma majestade
de gigante...
 
III
Uma tarde  de outono
subí a serra,

e ao maluco, plantando
comentei risonha...

desde que existem
homens sobre a terra,

nunca um deles
trabalhou com tanto empenho!...

Eu queria saber, curiosa,
o que o demente,

semeava naqueles morros
com tanta energia...

O louco olhou-me  e sorriu
benignamente,

e então comentou
com funda melancolia...
IV

-Semeio árvores,
perobeiras e pés de louros;

quero árvores neste agreste,
de forma que ocorra,

que outras pessoas
desfrutem dos tesouros,

que darão estas árvores
mesmo que  eu morra...
- Para que tanto trabalho
na  jornada,

sem ter maiores buscas?
Você me surpreende...

 E o demente murmurou,
com as mãos suadas na enxada:

-Sei bem o que pensas...
O que este doido entende?

Talvez por seres mulher
 tenhas o pensar gratuito...

Mas muitos não trabalham,
eu trabalho muito,

e se o mundo não sabe;
Deus me compreende...

V
Hoje é o egoísmo torpe
que  eu mesmo endoço;

a quem rendemos culto..
Ah...Tudo são engodos...

Se rezamos,
pedimos apenas pelo pão nosso,

e jamais nos lembramos que pão...
é para todos...

Vivemos como irmãos
na palavra, no nome;

e nas guerras brutais
onde alguém sempre é bobo...

Moça, tem sempre um assassino
dentro do homem...

E o homem para o homem,
é sempre um lobo...

VI

Assim disse o louco,
com a mais nobre melancolia...

e por entre as fendas do morro
seguiu plantando...

E ao perder-se sua imagem
em meio à  noite que caia,

apenas uma voz, eu ouvia
entre lágrimas chorando...

Senhor... sigo plantando...
plantando...
MariaAntonietaRdeMattos.fevereiro de 2008

*** FELIZ... *** poesia








 *** FELIZ... ***
 
I 
Nem ao tempo que ao passar
 me repetia
que não teriam fim minhas
desventuras;
será capaz com suas palavras
obscuras,
de resistir à toda luz de minha
alegria...
II
Nem ao espaço que um dia e
outro dia
convertia as distâncias em
amargura;
vai conseguir me separar da
pessoa pura
que se confunde com a
minha poesia...
III 
Porque para o amor com que
se sonha
à frente de toda e qualquer
sepultura
não existe tempo onde o sol
se ponha...
IV 
Porque para todo amor
onipotente,
que tudo o transforma e
transfigura,
não existe espaço que não esteja
presente.
MariaAntonietaRdeMattos.fevereiro de 2008

*** TARDIAMENTE...*** poesia




                                        
  

*** TARDIAMENTE...***

I
Tardiamente
em um jardim sombrio,
entrou voando
uma bela mariposa...
Transfigurando
em alva milagrosa,
o deprimente
anoitecer de estio...

II
E muito sedenta de mel,
coração vazio;
nas últimas
 flores  pousa...
Pois que já se desfolhou
a última rosa,
com as primeiras
investidas do frio...


III

E eu, que sigo caminhando
até o poente,
sinto chegar,
quase  maravilhosamente
como esta mariposa,
uma outra ilusão...

IV
Mas...Em meu outono
de melancolia,
mariposa de amor,
é o findar  do dia...
Tardiamante
chegas ao meu coração...
MariaAntonietaRdeMattos.http://mariaantonietta.multiply.com 

fevereiro de 2008

*** PRA FRENTE...*** poesia




*** PRA FRENTE...***

I
Mesmo assim te busco,
amor que quero em vão,
amor que tantas vezes
esteve em meu caminho...
E nunca te alcancei quando
estendi minha mão,
pouco me escutastes
quando pedi teu carinho...


II
 E, mesmo assim espero.
E o tempo passa...arrasa..
O verão se finda e ainda
sonho contigo... Todavia...
do que um dia foi fogueira,
só resta uma brasa;
mas sigo sonhando
de te encontrar um dia...


III

   Talvez, na sombra de
minha esperança cega,
se no fim te achar um dia,
me sentirei covarde...
Sabe, vou sentir de pronto
que o que nunca pega,
nos entristece menos
que aquilo que chega tarde...


IV
 sentirei bem no fundo
de minhas mãos vazias,
o tamanho da perda,
a dor causada pelos danos...
A ansiedade das horas
transformando-se em dias,
o horror dos dias
transformando-se em anos...

V
E talvez ocorra o encontro,
em tempos afora,
sem  o calor, a chama,
sem mais ter esplendor...
E ao não dizer "É o meu amor"...
Como diria agora;
seguirei meu caminho,
murmurando: "foi meu amor"
 
fevereiro de 2008.

*** ACONTECEU... *** poesia




                                     


*** ACONTECEU... ***
I
 
Esta relação não foi,
quiçá a mais bela;
mas deu sentimentos
os mais profundos ...
Tive outras paixões
com  amores fecundos
mas nunca me senti assim;
tão donzela...
II
 Aconteceu assim
por estarmos distantes...
É adorar a uma estrela
desde minha janela...
Diferente pra mim,
mas estrela tão bela,
que ainda magoa,
seus reflexos brilhantes...

III 
E tive este amor
como  luz de candeia,
feito praia deserta,
solidão hedionda...
E seu mar guarda,
do vai e vem da onda,
só uma umidade
do sal sobre a areia...

IV
 
E o tive nos braços
sem nunca ser meu,
como se fosse água
em cântaro sedento...
Como se fora perfume,
solto no vento;
querendo a fragrância
em seu apogeu...

V
 
É por isto que penso
a relação; aquela,
que deu  sentimentos
 os mais profundos ...
Tive outras paixões
com  amores fecundos
mas não me senti,
assim tão donzela...
Uma pena acabar...
Terei mais cautela...
  MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
   mariahantonieta2003@yahoo.com.br

fevereiro de 2008