*** CROSSDRESSING E S/O ***
Amigas, quando o crossdressing de uma de nós é repassado, descoberto ou contado, muito frequentemente "assusta" a parceira. Muito natural que tal situação venha a ocorrer. Afinal, é o confronto do tudo o que você passou e que agora "acha" normal " com o comportamento do estereotipo que sua parceira sempre espera encontrar... É importante então, demonstrar, que não houve mudança de ordem alguma, que essencialmente és a mesmíssima pessoa. A única diferença é, e este é o "mote" a ser explorado; de que sua parceira agora sabe e pode eleger compartilhar ou rejeitar de uma parte significativa de sua pessoa...
De uma forma ou de outra, pode ocorrer que sua parceiro corte relações, se recuse a reconhecer a realidade da situação, exija que vocês abandonem de imediato o crossdressing, ou que façam suas "desordens genéricas" longe das vistas... Ave...este processo pode conduzir a ressentimento e hostilidades pela frustração mútua de ter assuntos não resolvidos. E acreditem, queridas... acontece!
Não é uma coisa fácil negociar uma aceitação. E a palavra que me parece mais apropriada aqui é NEGOCIAR mesmo. Ela raramente virá de forma automática e sempre será improvável ser total ou incondicional, dadas as ameaças das condições relativas à sua própria sexualidade, estima, ego, emoções e preocupações outras, referentes aos possíveis embaraços, ridículo e a alienação... É por isto mesmo que é essencial que antes de vocês embarquem em qualquer curso de ação, que estejam devidamente informadas, ou que possuam argumentos sólidos e válidos para poder defender seus "Extremamente difíceisl" pontos de vista. Literatura do assunto deve ser procurada e deve ser estudada à exaustão. Lembrem-se queridas, é a situação de suas vidas que está em cheque!!.
Ter aconselhamento profissional pode vir a ser uma consideração válida. Eu disse que "pode" meninas... Mas nem tudo que reluz é ouro, rsrs. Se vocês acharem que um analista, um psicólogo ou psiquiatra pode ser de valia para a situação, não devem desprezar a opção. Nós temos no BCC, associadas que já passaram pela experiência. Pessoas que conhecem o que é o drama, que sentiram na pele a dor e a ansiedade de ter que viver com a situação. Gente que conseguiu o intento de ter a "pedra" tirada das costas... Outras que não conseguiram resolver o drama e algumas que atingiram uma "meia boca"...
No entanto, o que é válido aqui é REFORÇAR o tópico onde eu disse que vocês devem estar "armadas" para a batalha...ou seja, devem saber tudo e mais um pouco pra este "vestibular". Lembrem-se no entanto de que ter compromisso é Essencial... Relações sobrevivem por trocas, não é? Vida é composta e regida por uma série de negociações. O crossdresser vai requerer tanta liberdade quanta vocês darem em troca. Quebrar paradigmas, certos tabus ou restrições não é apenas uma tarefa que a parceira terá pela frente, como sendo uma espécie de castigo...A troca estará valendo aí... REVEJAM conceitos vocês também.
Essencialmente vocês terão interesses contraditórios, mas estes podem ser solucionados freqüentemente através de negociação e podem ser assumidos compromissos de ambos os lados. Depois da exposição da situação eu penso que começa a existir um tempo ideal para vocês reciprocarem e compartilharem assuntos concernentes ao ego interno, relações, etc. A intimidade destas novas realidades e coisas que tais... ( Eitcha Paula Andrews...rsrs ), DESDE que sejam efetuadas com sucesso, podem resultar em um laço mais forte e proximidade entre vocês ambas, do que aquela que previamente existiu. Penso ser um tempo quando a relação pode ser examinada, medida e reabilitada; para alcançar uma felicidade madura por compromisso, por respeito e entendimento. É improvável que qualquer um tem qualquer coisa mais dura de descobrir que um assunto de identidade de gênero.
De novo vem à baila a massificante educação machista de que somos TODAS vítimas. Vocês e elas, as parceiras. Para muitas, a revelação é o renascer para os anos de frustração e angústia. É comum que esta supressão que marcou tantos durante anos resulte em pessoas reclusas, mal-humorados e deprimidas. Até o álcool, drogas ou comportamento violento pode ser a resposta altamente indesejada para a frustração de suprimir o crossdresser. Muitas de nós tiveram primeiro suas vidas mudadas ao se aceitarem como são; e quando por fim, conseguiram sucesso ante suas parceiras, tiveram uma paz interna tal que a superação destas tensões e dependências é achada... Por ser desgastante, a questão não é colocada aqui como sendo uma luz definitiva. Longe disto, apenas quero que saibam que vocês não estão sós.
Até porque somos todas tripulantes da mesma nau e isto nos torna, a todas, possuidoras do mesmo "feeling"...do mesmo dom divino ou da mesma maldição de Montezuma...
Beijos...
MariaAntonietaRdeMattos