*** A VIDA COMO ELA É ***
Ficar aqui em Apucarana sem nada a fazer que a rotina insossa do dia a dia, pode ser muito perigoso, rsrs... Lugar que já classifiquei como bucólico de outras feitas, tem a característica de ir "dando nos nervos" quando me demoro a sair para tomar ares fora do claustrofóbico ambiente falto de vida... a vida como a Maria Antonieta conhece.
A quietude me põe para pensar, amigas... Se vez por outra enforno algum artigo leve e risível, ingênuo mesmo; por outras, me vem às caixas, filosofar...Até pelo Nelson Rodrigues a gente vai...
Eu escrevi o texto abaixo com a atenção voltada para uma discussão que tivemos na sala de professores da faculdade onde ministro algumas aulas. Casamento, relacionamentos, os sentimentos sob uma ótica moderna...
Uma constatação...
Onde foi parar o amor, gente? Aquele que nossos pais e avós assumiam para toda a vida? O tal do amor eterno, mesmo que eterno só enquanto dure como quis, também citando, nosso saudoso poetinha?
Na verdade para onde diabos foi a eternidade de nossos sentimentos, da amizade, da cumplicidade, do afeto? Se der para perguntar por aí de porta em porta, se o tempo anda rápido demais, duvido quem negue ou deixe de reclamar que não há mais tempo para nada.
Mas o que mudou: a física ou o coração do homem? Minhas amigas sabem que sou física, portanto vou apostar e com certeza, na mudança do coração do homem, dizendo que hoje não somos mais “eternos” e assim, deixamos de ser universais.
Hoje somos o momento.
E o momento tem de ser perfeito, pleno, temos de satisfazer nossas ansiedades e necessidades. Tem que valer a pena constantemente, senão não se vive... Será? Tenho cá minhas dúvidas... Lembro quando menina que meu avô, após o jantar, sentava-se, como se fora um pássaro repousando na varanda da casa de minha tia, enrolando um cigarro de palha, sem dizer palavra... Ficava em absoluto silêncio, totalmente entretido com a simples e prosaica atividade. Não criava nada, não discutia com ninguém, não chamava ninguém para lhe fazer companhia, permanendo em silêncio. Terminava de enrolar o dito cigarro, dava longas tragadas, e, quando acabava olhava para o nada, respirava; ficava serenamente fazendo absolutamente...Nada...!! Meu avô era dono do seu dia; nele continha o universo, e neste cabiam momentos de absoluto vazio. Sua mente repousava e sua alma respirava, sem perder ou ganhar nada...
Talvez, e só talvez, essa nossa ganância por ter o melhor companheiro, a melhor festa, o melhor momento, torne o tempo insuficiente, e a nós mesmos permanentemente insatisfeitos. Não é possível, acredito eu, ter um casamento, um namoro, ou mesmo um amigo, baseando-se unicamente em troca. É comum ouvir de casais, ou amigos estremecidos a frase: Putzzz...!! Eu investi muito e recebi pouco...
Na verdade para onde diabos foi a eternidade de nossos sentimentos, da amizade, da cumplicidade, do afeto? Se der para perguntar por aí de porta em porta, se o tempo anda rápido demais, duvido quem negue ou deixe de reclamar que não há mais tempo para nada.
Mas o que mudou: a física ou o coração do homem? Minhas amigas sabem que sou física, portanto vou apostar e com certeza, na mudança do coração do homem, dizendo que hoje não somos mais “eternos” e assim, deixamos de ser universais.
Hoje somos o momento.
E o momento tem de ser perfeito, pleno, temos de satisfazer nossas ansiedades e necessidades. Tem que valer a pena constantemente, senão não se vive... Será? Tenho cá minhas dúvidas... Lembro quando menina que meu avô, após o jantar, sentava-se, como se fora um pássaro repousando na varanda da casa de minha tia, enrolando um cigarro de palha, sem dizer palavra... Ficava em absoluto silêncio, totalmente entretido com a simples e prosaica atividade. Não criava nada, não discutia com ninguém, não chamava ninguém para lhe fazer companhia, permanendo em silêncio. Terminava de enrolar o dito cigarro, dava longas tragadas, e, quando acabava olhava para o nada, respirava; ficava serenamente fazendo absolutamente...Nada...!! Meu avô era dono do seu dia; nele continha o universo, e neste cabiam momentos de absoluto vazio. Sua mente repousava e sua alma respirava, sem perder ou ganhar nada...
Talvez, e só talvez, essa nossa ganância por ter o melhor companheiro, a melhor festa, o melhor momento, torne o tempo insuficiente, e a nós mesmos permanentemente insatisfeitos. Não é possível, acredito eu, ter um casamento, um namoro, ou mesmo um amigo, baseando-se unicamente em troca. É comum ouvir de casais, ou amigos estremecidos a frase: Putzzz...!! Eu investi muito e recebi pouco...
Mas, investiu o que? Não estamos em um mercado de ações, numa transação comercial...Não se declara imposto de renda de sentimento!
A gratuidade do afeto, a serenidade da compaixão, a franqueza da solidariedade, fazem parte de princípios universais que permitem silenciar a nossa angústia pelo futuro, pelo amanhã. No entanto, queridas, é necessário temer a solidão, a falência e o desamparo...
A gratuidade do afeto, a serenidade da compaixão, a franqueza da solidariedade, fazem parte de princípios universais que permitem silenciar a nossa angústia pelo futuro, pelo amanhã. No entanto, queridas, é necessário temer a solidão, a falência e o desamparo...
Não importa quantas horas de trabalho, mas a real qualidade do trabalho, não importa o número de “eu te amo” dito pelo amante, mas certeza do sentimento. O sucesso almejado a todo minuto, em todos os momentos, como um jogo que termina e recomeça a todo o momento, encurta o tempo e não permite que tenhamos os necessários momentos de vazio, de silêncio, onde nada é buscado ou desejado, onde descansamos...
Sabem, deste vazio surgiu o universo, e, é, penso eu, deste vazio que surgem as idéias revolucionárias, o novo nunca tentado pelo simples fato de pararmos para descansar a nossa tão fatigada e desnorteada alma.
Talvez a felicidade não esteja na busca incessante pela satisfação plena, pelo momento perfeito ou pelo sucesso Pode sim, estar no silêncio, na aceitação da imperfeição e no reencontro dos princípios universais do amor, da solidariedade, da compaixão, que marcam o compasso do tempo sem temor algum do amanhã...
Sabem, deste vazio surgiu o universo, e, é, penso eu, deste vazio que surgem as idéias revolucionárias, o novo nunca tentado pelo simples fato de pararmos para descansar a nossa tão fatigada e desnorteada alma.
Talvez a felicidade não esteja na busca incessante pela satisfação plena, pelo momento perfeito ou pelo sucesso Pode sim, estar no silêncio, na aceitação da imperfeição e no reencontro dos princípios universais do amor, da solidariedade, da compaixão, que marcam o compasso do tempo sem temor algum do amanhã...
MariaAntonietaRdeMattos.
outubro de 2007