domingo, 2 de dezembro de 2012

*** PROSCRITA *** poesia




                     


*** PROSCRITA ***
 I
 
Cansada de estar a
padecer,
e de ouvir palavras ocas
e vazias;
é  que então, querendo sem
querer,
Finjo ter  relações tão fúteis
e frias
com a tola ilusão de tentar
te esquecer...
 II
 
Quem eu amo  não possui
outro amor,
É em desatino, que ela
corre na vida...
Como um passaro indo de flor
em flor,
eu também vou, aberta
e ferida;
 em muitos casos, tendo sido
aguerrida,
 sem lamentar,
com todo meu horror...

III
 
Mas que favor me fazem
outras  belas
se irritam ainda mais minha 
paixão?
Vejo à todas com faces
amarelas,
me repugnam estas falsas
cinderelas,
e volta sempre à ti
meu coração!

IV 
 
Penso que uma proscrita
 teria amor,
 se vivendo em solo
estranho...
E ao voltar à sua pátria, um
belo dia,
ao olhar o céu, quebrar a 
agonia
e ver-se em casa, em emoção
sem tamanho...

V
De ti me vejo proscrita e 
trocando
as flores, as rosas por
seus espinhos...
Então volto a teus pés 
suspirando;
sem mostrar estou sempre  
agonizando
pela luz de teus olhos... não me
deixes sozinha..
 
   MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009

*** QUEM ME DERA ...*** poesia




                                                      

 
 
*** QUEM ME DERA ***

I
Quem me dera
 poder tomar tuas doces mãos,
e afagar meu coração
 solitário com elas...Escutar docemente,
beijando-as de leve  então,
e ouvir de tua boca
as palavras mais belas...

  II   
Quem me dera   
poder deitar-me do meu jeito,
 reclinada e embevecida em tua beleza...
Escutando dentro de teu peito,
de ti  que és o meu amor  eterno e eleito;suspiros  de amor, prenhes de nobreza...

III
Quem me dera
poder pousar com suave calma
 meus lábios sedentos  em teus cabelos...
Com subida emoção 
sentir soluçar minha alma,
em cada beijo que der, por demais querê-los...
 
IV
Quem me dera
poder tomar somente um raio,
da luz que  em teu olhar é minha guarida...
Flashes de meu ensaio
me  garantem que nunca mais eu caio,
se assim eu iluminar, a senda de minha vida...
 
V
Ah, quem me dera
poder ser a tua sombra agora,
no  mesmo ambiente que teu rosto  banha...
E,  ao romper a aurora,
Secar toda lágrima que mal vinda, 
seja estranha...

VI
Mas com tristeza
 tua alma em  sua essência,
é apenas uma triste sombra que nada faz mudar..
Deus!.. quando esta noite
de prenhe emoção e  funesta ausência,
dissipará, raiando dela, a aurora em teu olhar?
 
Quem me dera...
 
 
   MariaAntonietaR de Mattos
 
setembro de 2009

*** DO AMOR EU QUERO... *** poesia







*** DO AMOR EU QUERO... ***
I

Que seja nobre, virtuoso, que saiba
me entender.Porque o néscio, louco e todo sem
talento,poderá fazer um inferno deste
meu viver..
 
II
Mas.. se quiser ostentar tolo
entendimento;
com falsos predicados de
doutor,mais ainda o quero em total
esquecimento...

III
Porque é mais fácil carregar o que
 se ignora;que ter-se como dono de saber
infindo,
nada  tendo ao fim, para por
pra fora..

IV

Não precisa que seja feio e nem 
mais lindoque outros.. Não é um bem, é um
 cuidado,importando  que tenha carinho
 infindo...
 
V
 
Mas entre ambos os extremos..
colocado,
ao mais lindo por fim
elegeria;
ah..!mas  não quero uma aberração
 ao meu lado...

VI
Mesmo em companhia de uma
harpia teria,
ensejo de possuir liberdade
faceira
A escravidão bárbara é completamente
vazia...

VII
Não o quero para mim, tampouco
de maneira,
que seja rico nem pobre, porém 
 dotado
de uma herança, mesmo que pouca
..verdadeira!...

VIII
Pois eu não quero um amor 
comprado,
nunca foi preciso ser um
mercador
para estar com meu pecúlio
equilibrado...

IX
Entre triste e alegre, que ele me
tenha amor.
Antes gênio alegre, que maldade
escondida..
E que me alegre à cada passo,
por onde eu for...
 
   MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009

*** UM SONHO...? *** poesia




                            




*** UM SONHO...? ***
 
I
 
sonhei que te achavas
ante a um muro,
glacial, e onde termina a existência...
Passeavas com  tua
magnífica opulência,
envolta em vetusto veludo
escuro...
 
II

Teu pé,
lembrando o marfim mais puro,
feria com satânica
e cruel inclemência;
as pobres almas
repletas de paciência,
tolas criações
gemendo no escuro...
 
III
 
Meu doce amor,
que segue sem sossego;
 um pequeno cordeiro
 querendo apego,
à volta perfumada
de teu sombrio poder...
 
IV
 
Só encontrou suplício
em teu régio jugo,
e então sob teus pés
 de carrasco verdugo
coloquei o escravo coração
 a sofrer...
 
MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009

*** VELHO PATRIARCA...*** poesia








*** VELHO PATRIARCA...***

I
Eis o o velho patriarca,
que a tudo e a todos abarca...
Se balança a barba de príncipe assírio,
sua branca  cabeça parece um grande lírio;
parece um grande lírio a cabeça do velho patriarca...
II

Sua anciã fronte é um mapa confuso:
Avultam nela ossos, protuberâncias e adereços...
E eles formam os raros, imensos e espessos
séculos, do tempo refletido e sempre  difuso...

III

Seu rosto antigo de velho ermitão,
parece o deserto seco sob o calor do verão...
Nele esculpida, estão todas as horas de abnegação...
O que ficou pra trás,  que é concluso;
o que é estranho, de serventia e aquilo sem uso,
o que é vago; ignorado, e o que não tem solução...

IV

Sua face feito um mapa confuso,
cruzam por ela rugas, eternas rugas...
São como  rios de um vago país obtuso,
em cujas águas os anos fogem, em rápidas fugas...

V

 E as velhas e eternas rugas,
com seus sulcos marcados e escuros...
São delas que  velho patriarca conjuga
a beleza dos séculos passados e os futuros...

 
  MariaAntonietaR de Mattos
     www.bccclub.com.br
setembro de 2009
 

*** TÉTRICO...*** poesia








*** TÉTRICO...***
I
 
Em algum lugar da alma, entre
muros esquecidos,
em meio a areias estéreis, se
enterram os amores...
Os que nos nasceram mortos
em corações partidos,
onde sonho trás mais sonho,
sombras e flores...
 
II

Lá estão os que  sofreram
 no  ninho seus horrores,    
conhecendo os traiçoeiros
sentimentos da maldade...    
Feriram as almas destes;
 com tamanha voracidade,
que acabou-se qualquer ungüento
  para alivio de  suas dores...
 
III
 
Eu sei que a estes sepulcros
se lhes deve o tributo,
exigido pelo espírito
em tosca  urna de mistério...
Mas por tais sofredores
 não vestirei qualquer luto,
 
IV

e  ao entrar em mim mesma,
neste lugar esquivo,
me deparo com uma urna
neste meu cemitério...
Nela existe um amor que a maldade
  enterrou...vivo!
 
   MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009

*** QUERO *** poesia





                                             




*** QUERO ***
I
Deus, preciso deixar de procurar,
ou batalhar um amor verdadeiro;
aquele amor a quem vou amar
sem jamais perder meu esteio...
II
Quero despertar ao amanhecer
Sem sentir nenhuma amargura...
Virar-me feliz para ele e saber
Que a noite não foi tão escura...
III
Então olhar serena, para o céu
 sem nenhum motivo para chorar,
Arrancar-me do âmago todo fel,
esquecendo que já estive a penar
IV
Quero ter minhas horas cheias,
florir no outono de minha idade...
Destroçar todas aquelas cadeias
dos meus anos de ansiedade...
V
Quero apenas ser feliz, por fim,
não mais temer com noites frias...
E ao lado de quem me ame assim;
que tendo confiando sua vida à mim,
eu ame até o final dos meus dias...
VI
Onde está você...?
 
   MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009

*** RESSACA...*** poesia








 *** RESSACA...***
 
I

Quando a ressaca enfim
soltar minh'alma na praia,
e  da agonia de meu padecer,
ela  seguir adiante...
me arrastarei de volta à ela,
qual uma desafiante,
 
pois não vejo nada na fuga
da honra que me atraia...
 
II

E estarão a tudo  vigiando,
como símbolos ardentes,
Catatumbas de água, amor...
Ah..não me conheces.!!
 
A saber, ninguém sabe de mim,não há benesses,
 
só dois  olhos flamejando
com um  olhar indiferente...
 
III
 
Desencontros na escuridão
 são comoventes,
 
espiam demoradamente
 presenças não mostradas...

Eles tem a experiência; 
conhecem todas as estradas,
 
todos  os sentimentos rotulados
 nesta vida existentes... 
 
IV
 
Não são cruzes os braços;
nem altar para holocausto;
 
o sol que aponta firme
em tempo triste de solidão,
 
com seu clarão magnífico
e seu motivo exausto...
 
V

Até porque, ao fim de tudo
mostra a grandeza taciturna,
 
E depois destas  frases,
 tolas criações do coração,
 
 a ressaca enfim me envolve,
e  volto muda pra minha urna...
 
MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009

*** TATIBITATI...*** poesia




                    




*** TATIBITATI...***
 
I
 
Que
prova
da existência,
haverá maior que a sorte,
de  viver  sem o que importe,
e morrendo em tua presença!
 
II
 
Esta lúcida e louca consciência,
de amar ao nunca visto...
De esperar pelo que é imprevisto,
este cair sem nunca chegar...
É a angústia palpitante  de pensar,
que se morro,é claro que existo...
 
III

Se em toda  parte tu estás;
seja na água ou seja na terra...
Quem sabe no ar que me encerra,
ou sejas enfim um incêndio voraz...
 
IV
 
Se a todas as partes que vais em brida ,
és presença  certa no  pensamento;
 no sopro que move meu alento,
nesta alma tola e  sofrida...
não serás pois  a morte em vida
como água, fogo ou mesmo o vento?
Se tens mãos que permeiam,
de um tato sutil e brando, 
tato sensível apenas quando
anestesiada; me creiam,
 
V
 
  teus olhos vagos  anseiam
sem olhar-me, de tal sorte
que nada me reconforte,
nem tua vista ou  sentidos;
desejos ou amores proibidos,
nem uma dor contigo; é a morte!
 
VI

Por caminhos ignorados,
através de passagens secretas,
por misteriosas setas
em troncos assim marcados,
olhos entram na alcova escura,
para converter minha lisura
em sentimentos indesejados...
 
VII
 
 
E até sua ausência é viva!
Porque encontro teu boneco;
de uma  forma que o eco
da a tudo uma forma fugitiva...
Dentro de minha boca, na saliva
fundes teu sabor roto e plebeu...
Misturas tudo de mim; de meu,
deixando fora só e apenas o temor...
E não sei se  gosto do sabor
e da presença deste vazio, do breu...
 
VIII

Se te levo em mim prendido,
te acaricio, dou-te o mundo,
se te idolatro la no fundo
és a minha mais secreta ferida...
Se a minha morte te dá a vida
e te faz viver em louco frenesi;
que será então, morte, de ti
quando enfim saíres do mundo,
e, desfeito o nó sêco e profundo
tenhas que deixar-me aqui?...
 
IX
 
É em vão que ameaças, morte,
fechar a boca de minha ferida...
Colocar um basta na minha vida
com palavras, ou um gesto forte??
 
X
 
Que posso pensar ao ver-te
se em minha angústia verdadeira,
desisti  de tudo o que quiçá ocorra?...
Se em vista de tua perene tardança,
só me aflijo sem nenhuma esperança
sem ter hora onde eu
 não morra?...
 
MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009

*** CONCHAS DO MAR*** poesia






                  





*** CONCHAS DO MAR***
 
I
 
Ponho meu
 ouvido atento no peito,
como faço
 com as conchas do mar...
Ouço meu
coração bater desfeito,
e sempre e
nunca é igual no pulsar...
II
 
Sei porque ele bate assim,
deste jeito
mas não sei dizer até
quando será...
III
 
Quiçá pudesse 
 entendê-lo  com arremedos,
 palavras e 
enganos, ditos ao azar...
Como chegar
 com tudo e de surpresa;
dizer uma verdade
 qualquer por nobreza,
e se perder no fim,
 sem saber onde chegar...
IV
 
Quando fingi querer-te,
 ó meus segredos;
estava presa, 
 já me fascinava tua beleza,
eu era uma prisioneira deste
 teu olhar...
 
MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009

*** UMA FLOR...*** poesia




                        




 *** UMA FLOR...***
 
I
Na manhã vazia
ela vestia só a alvorada;
à tarde, frescamente crescia,
era a mais linda flor alí
plantada...
 
IIFicava aberta de dia
e à noite sempre fechada...
Cantava a vida que lhe sorria,
nem olhava para quem
  chorava...
 
III Mas ela não se cuidou
e linda,se tinha por ser divino...
E desde seu talo ela sempre se achou;
 era forte, intocável,  pelo que encontrou,
até que a tesoura afiada,  selou-lhe
 o destino...
 
MariaAntonietaR de Mattos
outubro de 2009

*** IRONIA ...*** poesia




                               


 *** IRONIA ...***
 
I

Por um tempo
 que não posso assinalar,
levas vantagem com
 a tua morte...
 
Assim como
 em tua vida, destes sorte;
por chegar antes...Eu, em
segundo lugar...
 
II

Estava escrito onde?
Seria neste mar;
encrespado e terrível
que é a vida?...
 
Sei que em ti
 abriu-se  grande ferida,
mortal combate entre ser
e também estar...
 
III

E tornou-se teu
 pecado o matar consciente,
a esta que te fazia respirar
 em desatino,
para que uma outra respire
eternamente...
 
IV
E o fizestes
 com as armas do paraíso,
destes um cheque mate
 no destino;
agora vê se respira em paz,
será preciso...
 
MariaAntonietaR de Mattos
outubro de 2009