*** PROSCRITA ***
I
Cansada de estar a
padecer,
e de ouvir palavras ocas
e de ouvir palavras ocas
e vazias;
é que então, querendo sem
querer,
Finjo ter relações tão fúteis
e frias
Finjo ter relações tão fúteis
e frias
com a tola ilusão de tentar
te esquecer...
II
Quem eu amo não possui
outro amor,
É em desatino, que ela
É em desatino, que ela
corre na vida...
Como um passaro indo de flor
Como um passaro indo de flor
em flor,
eu também vou, aberta
eu também vou, aberta
e ferida;
em muitos casos, tendo sido
aguerrida,
sem lamentar,
com todo meu horror...
III
Mas que favor me fazem
outras belas
se irritam ainda mais minha
paixão?
Vejo à todas com faces
Vejo à todas com faces
amarelas,
me repugnam estas falsas
me repugnam estas falsas
cinderelas,
e volta sempre à ti
e volta sempre à ti
meu coração!
IV
Penso que uma proscrita
teria amor,
se vivendo em solo
estranho...
E ao voltar à sua pátria, um
E ao voltar à sua pátria, um
belo dia,
ao olhar o céu, quebrar a
ao olhar o céu, quebrar a
agonia
e ver-se em casa, em emoção
e ver-se em casa, em emoção
sem tamanho...
V
De ti me vejo proscrita e
trocando
as flores, as rosas por
seus espinhos...
Então volto a teus pés
Então volto a teus pés
suspirando;
sem mostrar estou sempre
sem mostrar estou sempre
agonizando
pela luz de teus olhos... não me
deixes sozinha..
MariaAntonietaR de Mattos
setembro de 2009