sábado, 15 de fevereiro de 2014

*** FENIX *** poesia






  *** FENIX ***
I
Fechada entre quatro paredes eu sou uma  ilusão... 
 Apenas em sonhos, divago  com a vida  lá fora.
Sou uma prisioneira que  sofre e aqui chora...
Sou uma alma não resolvida e dentro da prisão...
 
II
Desde pequena estou atada, presa neste grilhão
e neste corpo que uso, que bem sei que é postiço...
A figura que sou não me dá alegrias, só solidão,
Oh Deus, até onde irei carregando tudo isso??...
III
Queria descartar esta pele abjeta, este sudário...
queria viver minha vida como outra pessoa qualquer...
Não pedi pra vir assim...Minha vida é que requer
ter as pequenas e maravilhosas atitudes da mulher,
uma fenix pronta para voar para fora do armário...
 MariahAntonietaRodrigues de Mattos

   2014 

domingo, 1 de setembro de 2013

*** PERNUDA... *** poesia






                          *** PERNUDA... ***
 
 
I
Algum
as vezes encontramos em
nossas vidas,

uma amizade inesperada e toda especial...

Esse alguém, vindo com linhas
desconhecidas

muda tudo, de forma forte, permanente,radical…


II
 
Esse alguém nos faz rir à toa e sem
cessar,

esse alguém faz brilhar mais nosso mundo...

Esse alguém nos leva junto até lá...bem
no fundo,

mostrando na alma coisas boas... sem parar...


III
 
Quando precisávamos de colo neste
mundo hostil,

que estávamos com dias escuros,tristes e vazios,

esse alguém chegou com ânimo e, de modo
 sutil,

Mostrou-nos o caminho, com graça e com brios...

IV

Esse alguém, que era do bem, sempre
nos convenceu,

esse alguém abriu portas incertas da vida fechada...

Esse alguém que entrou conosco na
mesma estrada,

E que então, pensamos ser nossa, que nos pertence...


V
Agora resta lamentar esta amizade  
que adoro...

Ah...depois das alegrias, dos risos e tanta doação,

ela nos deixou e foi-se embora assim,
de sopetão...

Porque tinhas que ir- te embora? Agora choro...

VI

Então concluo minhas linhas em
tristeza aguda,

Sentindo no peito um pesar intenso, profundo...

Fostes embora assim, destes adeus a
este mundo,

Kelly querida…eterna presidente E... nossa pernuda…
MariahAntonietaRodrigues de Mattos
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     ICQ 663657814
2013

                       

domingo, 24 de março de 2013

*** ALEGRIAS E CINZAS *** poesia








*** ALEGRIA E CINZAS ***
I
De que reino ou século veio, silenciosa
conjunção de astros? Em que secreto dia
deixaram de registrar esta tão valorosa
e singular idéia...inventando a alegria?

II

Em outonos de ouro a inventaram. O vinho
correndo solto e ao largo das gerações…
Nos dando sua música, seu fogo e os leões,
como o rio do tempo em seu árduo caminho

III


Na noite deste júbilo ou em jornada adversa,
ele exalta a alegria ou fenece o espanto
natural  neste dia pródigo que eu canto...
IV
E antes cantaram assim o Árabe e o Persa.
Vinho, deixa-me  ter a alegria na memória
como se não fosse apenas cinzas na história...
2013
MariahAntonietaRodrigues de Mattos
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

*** PODERÁS DAR UM SORRISO..*** poesia








I
Poderás  dar um sorriso...
Quando  souber achar um sorrir,
Em toda gota que sutil, se resuma,
nas porosas pedras, ou na bruma..
Até no  sol, ou outros mundos que ir...

II
Poderás dar um sorriso...
Quando nada pros seus olhos seja forte,
que penetres a vida de modo arcano..
No silêncio, nas sombras e na morte,
Saberás não ser etéreo o jugo da sorte
nem informe, nem incolor e nem profano..
III
Poderás  dar um sorriso...

Quando tiveres tua vista para os diversos
rumos no cosmos, e que teu esforço próprio;
resulte potente como um microscópio,
Que vá abrindo invisíveis universos...

 IV
Porque..
Então, nas chamas altas da espera,
qual o santo de Assis, dirás.. irmão..
Para a árvore, pro bondoso, pra fera;
terás uma fé infinita, tudo farás por ela,
com atos de amor inaudito, e compaixão.


 V
Porque..
Sentirás em meio da imensa multidão,
de seres e coisas, todo teu ser.. cismo...
Serás todo pavor ante o negro abismo,
todo orgulho no alto do céu, num verão...
 VI 
Porque..Sacudirás de teu amor os pós infectos,
que maculam o brancor das azucenas...
E adorarás saber do vôo dos insetos,
Os canais ora seguros, sempre concretos;
e bendirás as margens de areias plenas...

 VII 
Então..
Beijarás um galho de flores apesar dos espinhos,
e sem desdenho, olharás a roupagem das dálias...
E tirarás de modo piedoso, tuas grossas sandálias,
Para não ferir jamais; as pedras do teu caminho...


MariaAntonietaRdeMattos.
setembro de 2007

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

*** A MULHER DEPOIS QUE AMA *** crônica




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Apucarana Pr, 08 de setembro de  2007.
Meus queridos..
Esta crônica não é minha.. Ela saiu no BCC, colocada que foi pela minha amiga Adriana Mello, que por sua vez a "importou" dos escritos de outra CD do clube... Celma Torres.A Celma foi buscar entre as pérolas do Afonso Romano que dispensa maiores comentários.
Achei lindo....
Beijos...
Maria Antonieta.
*** A MULHER DEPOIS QUE AMA
***

Uma coisa especial ocorre com a mulher depois que ama. Reparem, estou dizendo: depois que ama.

Não estou me referindo a ela enquanto está no ato do amor.

Disto se pode falar também, e a literatura a partir do romantismo e depois o cinema, modernamente, já tentaram de várias formas simular na relação amorosa como a mulher suspira, se contorce, desliza as mãos e entreabre a boca do corpo e da alma.

Mas, quando digo "depois que ama", refiro-me ao estado de graça que a envolve após o gozo ou gozos, e que perdura horas e horas e às vezes dias.

Fica macia que nem gata aos pés do dono. Mais que gata, uma pantera doce e íntima.

Sua alma fica lisinha, sem qualquer ruga. A vida não transcorre mais a contrapelo. Desliza.

Ela tem vontade de conversar com as flores, com os pássaros, com o vento. Sobretudo, descobre outro ritmo em sua carne. É tempo do adágio, de calma e fruição. Neste período, aliás, o tempo pára. Em estado de graça ela se desinteressa do calendário. O cotidiano já não a oprime. É a hora de uma ociosidade amorosa.

O fato é que a mulher nessa atmosfera sai do trivial, se agiliza e glorificada, pervaga pela casa. O homem, animal desatento, às vezes não se dá conta. Em geral, nunca se dá conta. Ou dá-se conta nos primeiros minutos após o ato de amor, e depois se deixa levar pela trivialidade, deixando-a solitária em sua felicidade clandestina.

Na verdade, ela sobrepaira ao tempo, está adejando em torno do amado, que deveria suspender tudo para sentir desenhar-se em torno de si esse balé de ternura. Deveria o homem avisar ao escritório: hoje não posso ir, estou assistindo à reverberação do amor naquela que amo. E como isto se assemelha à floração rara de certas plantas.

Os amados deveriam interromper tudo: seus negócios e almoços e ficarem ali,prostrados, diante da que celebra nela o que ele ajudou a deslanchar Já vi algumas mulheres assim.

Era capaz de pressentir a 115 m que elas estavam levitando de tanto amor que seus amados nelas desataram.

Há uma coisa grave na mulher que foi ao clímax de si mesma. Que não esteja distraído o parceiro ou parceira. Ela tem mesmo um perfume diverso das demais. É um cio diferente.

É quando a mulher descerra em si o que tem de visceralmente fêmea, tranqüila que, mais que possuída, possui algo que atingiu raramente.

As outras mulheres percebem isto e a invejam. Os machos farejam e se perturbam. É como se estivessem num patamar seguro a se contemplar. É quase parecido a quando a mulher vive a maternidade.

Mas aqui é ainda diferente, porque na maternidade existe algo concreto se movimentando dentro dela. Contudo, nessa atmosfera que se segue a uma epifânica sessão de amor, diverso, porque ela está acariciando uma imponderável felicidade.

Estou falando de uma coisa que os homens não experimentam assim. O gozo masculino é mais pontual e parece se exaurir pouco depois do próprio ato.

Só os escolhidos, os de alma feminina, vez por outra, o sentem prolongar-se dentro de si. Mas em geral, é diferente.

Terminado o ato, uns até rolam para o lado e dormem como se tivessem tirado um fardo do ombro, outros vestem suas ansiedades e voltam ao trabalho. É constatável, no entanto, que o homem apaixonado também transmite força, alegria, energia. Ele oscila entre Alexandre o Grande e o artista que chegou ao sucesso.! Também brilha. Mas é diferente.

E não é disto que estou falando, senão do gozo feminino que não se esgota no gozo e se derrama em gestos e atenções por horas e dias a fio.

Freud andou várias vezes errando sobre as mulheres e, por exemplo, colocou equivocadamente aquela questão de que a mulher teria inveja do homem por ser este um animal fálico.

Convenhamos: inveja têm (e deveriam ter) os homens quando prestam atenção no fenômeno que ocorre com as mulheres, que ao serem amadas atingem o luminoso êxtase de si mesmas, como se tivessem rompido uma escala de medição trivial para lá da barreira dos gemidos e amorosos alaridos.

É isso: quando a mulher foi amada e bem amada, ela ingressa nessa atmosfera sagrada, cuja descrição se aproxima daquilo que as santas extáticas descreveram.

Uma aura de mistérios as envolve.

E isso, por não ser muito trivial, por não ser nada profano, talvez se assemelhe aos mistérios gozos de que muitos místicos falaram."
 
MariaAntonietaRdeMattos.




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*** O DIABO E O MONGE *** conto








 
Meus queridos..
             Quando eu tinha 13/14 anos, minha mãe me deu um livro encadernado em letras góticas e douradas.. que brilham até hoje na minha frente... Estou vendo-o.. Ele se intitulava "OBRAS PRIMAS DO CONTO UNIVERSAL".
             Foi talvez este livro que me despertou a vontade de escrever contos. Eu me lembro que um deles, dos diferentes contos que lá havia, chama-se o "O Velho Diabo". Uma obra prima fantástica de um escritor alemão do século XVIII chamado Friedrich öst Stuppnägel. Ele narrava a história de um diabo muito velho que, de saco cheio com a malvadeza, tinha optado por fazer um "retiro". E escolhera o átrio de uma velha igreja abandonada. Mas um velho pároco, também ele cansado da luta e desejoso de ter seus últimos dias na tranquilidade, resolve ativar novamente a velha igreja. Não é preciso que se se diga que acabam se encontrando os dois e... maravilha... o conto flui .. Longe de querer me comparar a Stupnägell, apenas serví-me das lembranças daquele conto para achegar algumas achas de lenha ao meu que, por sinal, tem um diabo novo...rsrs
             Beijos...
 
             *** O DIABO E O MONGE ***   

             O sofrimento dele o atraíu. Ele que simplesmente por alí passava, distraído e envolto em pensamentos. Foi a emissão dos raios de dor e angústia o fez estacar e entrar. ele era um diabo ainda novo, perambulando pelo mundo. Diferentemente de seus muitos irmãos, este diabo tinha um que de estranho.. Ele viu um monge rodeado de espíritos perdidos. Sentava-se num canto imundo do sótão da velha torre daquela igreja abandonada. O monge deixava que a fina chuva que invadia o cômodo pelas frestas do telhado danificado o atingissem no rosto. O diabo sentiu os pensamentos do monge envoltos num torpor quase malignos, enquanto tentava entender coisas que não deveria questionar.   pareceu-lhe um emaranhado de posicionamentos tolos de uma fé cristã que há muito tornara-se um fardo..pesado demais para que o monge pudesse suportar naquela idade.
             Aproximou-se dele...sem nenhuma intenção de fazer dele mais uma vítima. A maneira como os espíritos rodeavam a velha figura e sua indiferença a eles...apesar de estar claro que o monge os via e os sentia...fazia-o pensar e pensar...em sentidos...em certezas e razões, e na eloquência de suas ações...refletidas no torpor de sua mente perturbada. O monge não estava longe o bastante para sua percepção ignorá-lo...nem perto o bastante para seus sentidos o perceberem....umas de suas mãos acariciava a testa franzida..os olhos apertados no que parecia uma expressão de dor...o manto já sem cor cobria-lhe as dobras do corpo de uma maneira vulgar...por onde vagou esse velho sacerdote? De onde ele surgiu...? Ah... Por alguns instantes o diabo chegou até a pensar que o monge também fosse um espírito, que por alguma razão atraia a outros, visivelmente menores e sem forças...Então ele resolveu se mostrar...saiu das sombras por detrás do sino enferrujado que jazia no chão...imediatamente os outros espíritos se dissiparam...ficando ao seu redor apenas uma nuvem esbranquiçada e etérea que vez ou outra assumia a forma de um menininho perdido...

             O velho monge abriu seus olhos quando o diabo se aproximou...mas não demonstrava medo...abriu a boca,seus lábios ressecados silabaram algo que nem sentidos aguçados puderam decifrar...após relutar por alguns instantes com as limitações que sua reclusão impusera, o velho disse:
             – Tu os espantaste...também os libertaste?
             Sua voz era áspera...porém de uma lucidez que contrastava com sua imagem perdida e cansada...
             – Não – respondeu o diabo.. – eu não possuo tal poder...ainda..
             – É uma pena.... – disse o padre com pesar em sua voz –...é uma pena...porque eu não posso, também, ajudar....mas tu me aliviaste por alguns instantes...embora o pequeno Lucca ainda continue a me envolver e a me rodear em sua lamúria...
             O velho monge levou ambas as mãos junto ao rosto, unindo-as numa prece apertada e desesperada ...gemeu, sua voz, agora trêmula...O diabo se aproximou do velho...olhando ao seu redor procurando por vestígios, por respostas para esse tormento...que poucas vezes vira num mortal...Sentou-se à sua frente...O velho esquivou-se ao olhar dele...
             –Eu sei o que tu és... – disse o ancião– e te peço que se foi o anjo da morte que te enviou a mim, como o arauto de minha desgraça...volte!...e diga-lhe que minha desgraça acompanha-me em meus dias...eu me arrasto com ela já há muito tempo..

             O diabo riu.. baixinho... em respeito à dor do velho...e a consciência de que aquela dor era necessária...
             – Quem são essas almas que te perseguem? - Perguntou -
             – Almas...és tão generoso com elas...com sua aparência...com sua dor...Almas...almas existem quando a consciência ainda as domina...após essa morte tão violenta e desnecessária...tudo quanto resta de seus vestígios e pensamentos é dor...revolta...sem entender sequer a vida que abandonaram...e o pós-vida a que foram lançados...Deus...o que Deus reserva a eles senão esse sofrimento?...seria castigo ao próprio Satã?
             - Na verdade, velho homem - confessou-lhe o diabo - pouco sei sobre isto pois sou um diabo muito novo, ando pelo mundo à cata de experiência, à busca de mais fonte do mal, farta entre os homens.
O velho padre olhava-o agora curioso... com seus sentidos desenvolvidos....procurando, naquele diabo singular, algo que pudesse compreender...
             – E porque vires à casa do bem? Aqui, neste velho templo abandonado ainda existe a luz..- disse ele. E naquela hora, como que para corroborar o que o monge dizia, infiltrou-se um envergonhado raio de sol por uma das inúmeras frestas...a chuva parara..
             – Eu não me importo com a luz do sol...mesmo que seus primeiros raios sejam tão dolorosos, que me atinjam como flechas...
             – Tu és mais digno de tua condição do que muitos...sinto em ti tamanho domínio...e ao mesmo tempo...tamanha dúvida..quem és tu na verdade?

             O diabo não respondeu sua pergunta, embora a expressão cunhada em seu rosto deixasse claro que sua presença ali não poderia ser hostil...o olhar curioso do monge lhe era mais ameaçador do que sua presença para o velho padre...porém, tanto sofrimento e dor atraíam o diabo...era instintivo como já foi dito...ele não podia se furtar a estas manifestações, não pelo simples deleite em testemunhar tamanho martírio, mas sim pela curiosidade... de ser esse um fato tão raro em tanto tempo... como os velhos espíritos de Praga ou Bistritz...que muito o ensinaram sobre a dor... isso poderia ser como uma máscara ao seu próprio sofrimento...
             – Conte-me sobre os espíritos..quem são eles....que... representa para eles?
             – Ah...viestes para me torturar...para me fazer lembrar mais e mais...mais e mais por tudo o que resta dessa noite...se ao menos eu pudesse acreditar que podia libertá-los ao contar sobre eles...
             Enquanto ele me falava pude ver e ouvir nitidamente aquela nuvem ao nosso redor, vagarosamente se transformar no menininho, que com seus olhos fundos, seu rosto ressequido e pálido, corria ao padre e puxava suas vestes quase rasgando-as...
             – Este é Lucca –Disse ele... – Essa coisa que vês rasgando minhas vestes...um dia foi meu sobrinho Lucca...tinha oito anos apenas quando aconteceu...e eu testemunhei...um a um naquela noite...um a um se perder. Tanta ignorância, intolerância, medo...Eu vi...quando suas carnes foram rasgadas e o sangue arrancado de suas gargantas...como se suas almas...fossem arrancadas...eu sofri o horror duas vezes, diabo...ao vê-los morrer, impotente nas mãos daqueles carrascos, e sofri novamente ao testemunhar o desespero de suas almas, tentando se agarrar ao cordão que os unia ao corpo...algumas se jogavam contra seus assassinos...inutilmente desferindo golpes e mordidas...entenda, jovem diabo..que nenhum deles naquele momento tinha noção...e talvez Lucca não tenha até hoje, nenhum deles tinha nenhuma noção do que havia acontecido...que estavam mortos...e longe da salvação que devotaram em vida...isso é justo?...seria Deus justo?

             Então sua dor se explicava... e também sua revolta...a velha luta entre a crença na bondade de Deus e a descoberta da maldade...buscar a explicação para o sofrimento...e seu conhecimento nos espíritos...espíritos que sua fé cristã sempre negara...que conflito! O diabo admirou o monge por sua força...em conter suas blasfêmias...mas não pode sentir pena...pois a culpa que atribuía a si mesmo fazia dele mais um entre os fracos...
             –Diabo...Diga-me...em tua noite eterna...na hora de tua morte...encontrarás a Deus?
             - Hei de encontrá-lo. Afinal, velho, não sou eu também, uma de suas criações? Meu pai já pertenceu às suas hostes de luz. Entramos em tempos que são outros. Não consigo me ver, neste papel de demônio, sem me questionar nas raízes, talvez fazendo o caminho inverso ao de Lúcifer. E esta insatisfação, este mal estar.. é coisa de Deus a me tentar.. Há Deus nisso,velho?
             O velho monge riu, porém as gargalhadas pareciam ferir seus pulmões...sofria de tuberculose...e era nítido que procurara aquela solidão na velha igreja em busca de uma morte pacífica...junto aos seus espíritos...
             – O que vejo aqui?..- Disse o velho entre acessos de tosse - Perdeste tua fé no mal...
             –Eu nunca tive...nasci do próprio mal...Desconheço este sentimento....
             –Tragédia para tu então, meu pobre diabo – murmurou o velho - Eis que teus questionamentos são provas irrefutáveis de uma consciência. Consciência é uma arma tremenda do bem..

             Ele suspirou, procurando haustos de um ar difícil de absorver. Enxugando o rosto com as costas da mão....o diabo levantou-se...
             – Então já vai - Conseguiu dizer em arquejos - Fique mais um pouco...deixe-me invejar tua condição...
             – Invejaria minha imortalidade, velho? Dia chegará que ainda nos veremos.. não como estamos, meu velho..
             – Não – respondeu firmemente o velho monge – Não...Invejo tua capacidade de raciocinar com tal clareza...em meio à loucura...e ao círculo de morte, sofrimento e dor que te envolve...invejo o fato de que o sangue daqueles que desgraças .Alimente-lhe a vida...ao invés de morte...
             – Vida em morte...velho... não seria algo que gostaria de sentir...coloca a mão em teu peito, sente teu coração bater? 
             O velho meneou a cabeça fazendo que sim,
              - Pois conforta. E estes batimentos mostram a vida. Vidas dedicadas, pelo menos em síntese, a Ele.. Deus. Talvez seja esse o imenso prazer de um diabo como eu...pois esse vazio em meu peito...me comprime a minha condição...

             O velho monge deu um gemido dolorido, engoliu em seco e fechou os olhos...
             – Vou dormir diabo...preciso dormir...
             O velho cerrou os olhos e adormeceu.. Adormeceu rapidamente...e seus espíritos retornaram. Um a um se enfileiraram ao seu redor...e cantaram para ele um hino de mau agouro...Ao deixar a igreja, o jovem diabo caminhou pelo terreno abandonado em direção ao cemitério antigo...com suas lápides tortas e envelhecidas. Uma paz antiga tomara conta dele. Deitou-se na grama molhada e esperou, novamente, que novos raios de sol que vencessem o plúmbeo do céu, que atingissem seu rosto como gotas de cera derretida...A luz desceu do céu, respostando...mas logo o flagelo cessou...O diabo não tinha dúvidas quanto aos seus poderes e limitações...e conforme o velho tinha dito...isso lhe servia de conforto? O diabo não compreendia sacrifícios...por toda sua jovem vida, de apenas algumas centenas de anos ele os presenciara...e não podia agora, se conformar com a desist6encia do monge ante sua luta...que poder maravilhoso possuía ele para um mortal! Que ser das trevas não poderia se tornar? Ele teria consciência o bastante e fé o bastante para mudar suas condições...e a força gerada do sofrimento inglório poderia se uma alavanca poderosa, a lhe dar ainda mais mais forças para lutar...O diabo adormeu com esse devaneio...

             Quando voltou ao sótão na noite seguinte, ele encontrou o monge na mesma posição que adormecera...assim que o viu, soube que estava morto...morrera no sono, acalentado pelas vozes de seus espíritos...e eles já não se encontravam lá...Em um ímpeto de fúria, o diabo os procurou por toda igreja, procurou também pela alma do velho, mas não encontrou nenhum vestígio dela, nem rastros...nem sussurros....nem gritos...se foi em paz ele não saberia dizer...mas lamentou o fato de não ter tido chance de mostrar a ele tudo o que poderia oferecer. Será que ele aceitaria?.Talvez seus espíritos tivessem então, o castigo que mereciam...A luz da lua pálida, iluminava a noite que acabara de fazer-se plena...ele não iria infernizar a ninguém naquela noite...sentou-se novamente no cemiteriozinho para deixar que sua mente o levasse novamente para o passado. Que tempos eram esses?...Tempos desleais...Ele parecia embriagado no torpor dos pensamentos do monge que ainda ecoavam em sua mente...misturavam-se aos seus ...faziam-no rir...
             -Vida em morte velho...ao menos tu pode morrer...e não sentir nisso...vergonha.  Para mim...seria vergonhoso morrer agora...E um diabo não pode morrer..Mas posso pensar... pensar..
             E a chuva voltara a acariciar a noite...
 
             MariaAntonietaRdeMattos.
         setembro de 2005 

*** MEU NOME É RUMPELSKTIN *** conto






 MEU NOME É  RUMPELSTISKITTIN... 

    Alguém se lembra deste conto? Eu andei colocando ele nos fóruns do BCC em 2005, se não engano. Esta no meu site do Multiply também. Ele me trás de volta as memórias...
Quando eu era criança, entre dezenas de outros, ouví este. Era um conto como outro qualquer, tinha coisas boas e coisas ruins, uma mocinha linda que sofria muito, chorava e que, ao finalda leia, ficava com seu príncipe encantado, vivendo feliz para sempre.

   Dia destes eu estava com uma criança linda aqui em casa. Uma menina linda de 8 ou 9 anos de idade.Seus pais, amigos de minha mãe vieram fazer-lhe uma visita e trouxeram junto esta criança, dona de enormes olhos azuis. Eu me encantei de imediato com ela, com sua graça, simpatia e mansidão. Uma boneca viva que ganhou meu coração logo de saída. Enquanto seus pais papeavam alegremente na sala mais minha mãe, tomei-a pelas mãos e fui mostrar meus cães e o pequeno jabotí que mora lá em casa conosco.. o Ataúlfo.

            O Ataúlfo já está repartindo o quintal com os cães Rex e o Xerife há mais de 5 anos. ( Aqui um aparte... o Xerife, em um duelo acirrado contra a velhice perdeu o duelo final e está descansando debaixo de uma jabuticabeira, lá no fundo do quintal...). Ganhei ele de uma aluna minha lá da faculdade e agora faz parte do imobilizado.. risos. Mostrei tudo.. falei tudo.. Voltamos pra cozinha pois ela queria tomar um pouco de água.
Copo entre as mãozinhas, vira-se pra mim e pergunta:
            -Tia, porque a tartaruguinha tem esse nome tão esquisito?
            E eu, que estava louca pra continuar ganhando a atenção dela, num átimo ví o conto do anão de nome exdrúxulo passar pelos meus olhos, virar a próxima curva e voltar pra sua pasta de arquivo... risos
            -Nome esquisito?? Que nada Flora ( O nome da bonequinha com movimentos ) - disse eu - Nome esquisito é o do Anão Rumpelskitin!! O nome mais estranho do mundo mágico!!
            Gente, aqueles olhos lindos se arregalaram na moldura do rosto inocente, em uma muda constatação de perplexidade, substituido logo logo pela inevitável curiosidade..
            -Tia, é uma estória de fadas?.. Me conta.. me conta..
            Risos.. Era o que mais eu queria naquele momento. Armei-me de um ohar misterioso, fui à cata de uma xícara de café, enquanto acenava para a Flora sentar-se na cadeirinha do Ricardo. A cadeirinha do Ricardo está conosco também há mais de 15 anos. Eu a comprei para que meu filho se sentasse conosco, nos finais de tarde, na área assobradada da casa da vó (minha mãe), e participasse, ele também, dos importantes assuntos de final de dia que, inevitavelmente, aconteciam alí. Um Chimarrão, (adoro) e as narrativas tão gostosas que as famílias do interior ainda tem, como hábito, fazer. As fofocas da cidadezinha, os acontecimentos em destaque, os problemas de cada um, as doenças, mortes.. nossa... A tarde se extinguia, a noite entrava dominando tudo e o assunto não tinha acabado. O fogão à lenha era aceso, os cheiros deliciosos de alho frigindo na gordura se espalhavam por toda a casa e, os assuntos ainda pendentes, postergados para a tarde seguinte. Assim era a rotina daquela área de fundos da casa de minha mãe... que saudades..

            Flora se instalou na cadeirinha e um aperto no meu peito veio se fazer sentir. Meu Deus, como a gente é mole...risos. Sentei-me ao lado com um ar misterioso no semblante, como muitas vezes fizera no passado com meu garoto, olhando-a de soslaio à cada passo, para ver os efeitos da pantomima.. risos. sucesso total..!! Flora mexia os pezinhos em atitude irriquieta e, o olhar súplice dava conta de ter toda a sua atenção. Fui até o arquivo, tirei o conto empoeirado e ao mesmo tempo vívido, rememorei algumas partes e, com um suspiro fundo, fui ter com a menina...
            - Existia um reino - Comecei - muito, mas muito longe daqui, onde um rei muito velho, vendo que seus dias chegavam ao fim, instou seu filho, o príncipe, para que tomasse uma princesa como esposa e assumisse de vez o trono. Mas aconteceu que aquele reino havia sofrido uma sêca muito grande, com o povo sofrendo demais. As lavouras feneceram...ahn... as plantinhas ficaram sem beber água, Flora, e secaram..risos.. E toda aquela gente teve que pedir socorro ao rei. Claro que ele, bondoso como era, mandou que tirassem muitas moedas do tesouro e ajudassem a todos os que estivessem precisando de auxílio. Quando as chuvas voltaram e o reino respirou, aliviado, pela benção dos céus, a situação das riquezas da coroa era comprometedora. Mas o povo, agradecido, idolatrava o velho Rei e o amaram ainda mais pelo gesto que tivera com seus súditos.
            - Súditos tia?
            - É Flora, o povo que morava no reino. eles são chamados de súditos.
            - Ah.. continue tia.. continue..

            - Pois bem, Como o velho Rei estava com seu tesouro empobrecido, não interessou a nenhuma Casa Real dos reinos proximos, colocar princesa nenhuma para casar-se com um príncipe sem dinheiro. Nem mesmo as princesas feiosas deram sinais de vida, apesar de ser do conhecimento de todos, em muitas e muitas léguas, que o príncipe do Reino era muito lindo e bondoso.
            Quando ficou comprovado que princesa nenhuma ia aparecer para desposar o príncipe, o rei se aconselhou com o mago da corte..
            - E agora mago? A cada dia que se passa sinto-me mais e mais fraco. O príncipe precisa arrumar um casamento e eu queria abençoar a futura Rainha..Além disto, precisamos desesperadamente de ouro para o Reino.. Caso contrário estaremos à mercê de nossos inimigos.. Não posso nem manter meu exérito mais..
            - Majestade, façamos um édito.. ahn... um aviso Flora, disse eu!!.. Nosso Reino tem moças lindas também Que a mais virtuosa, linda e sadia, possa vir a desposar o príncipe.
            - Porque não pensei nisto antes?, que idéia brilhante!! Façamos assim mesmo... Que arautos à cavalo percorram o reino, vamos achar a Rainha entre a plebe!! ... ahn, o povo mais simples Flora minha querida..
            -Tia, eu quero mais um pouco de água....
            Um chamado vindo de lá de baixo avisou-nos que a mãe da Flora estava estranhando o silêncio que reinava na casa... risos.. Arrumei a água para a menina e fui tranquilizar a mãe que voltou , agradecida, aos assuntos que a trouxera até nossa casa.

            Mensageiros à cavalo pararam nas praças dos lugarejos e sopraram suas trombetas. Muito rápido desenrolavam suas notas e, em altos brados, passavam a comunicar o povo das novas do Reino. Nossa, Flora, foi um assanhamento total... As moças todas se juntavam ao redor dos mensageiros, querendo saber de todos os detalhes e de como elas poderiam se tornar rainhas!! Uma loucura se espalhou pela casas simples do reino. As simples e as chiques também.. Nunca se gastou tanto sabonete, perfume e escovou-se cabelos. Todas as moças do Reino queriam se pôr lindas pensando na possível escolha delas pelo príncipe. Na beira de um riacho, meio longe de uma das vilas do reino, morava uma velha e sua filha. A velha, feia e dugudéia, tinha o péssimo hábito de ser mentirosa. Sua filha, moça linda e muito simples, era costureira e também trabalhava numa roca.
            -Roca tia? Que é uma roca?
            - Uma máquina antiga, movida com os pés, Flora, e que serve para fazer tecidos. Um novelo de barbante alimenta a máquina que vai "fazendo" um pano... entendeu?
            - Entendi!! Já ví uma figura no meu livro de curiosidades da escola!! Achei engraçado porque ela tem uma roda de pau!!...
            - Isso mesmo!! rí da graça dela...Dava um trabalhão fazer pano naquele tempo Flora!! mas estávamos onde mesmo?
            - A moça linda , filha da velha dugudéia trabalhava numa roca..
            - Ah é... Bem, ela também ficou sabendo que o príncipe ia escolher uma delas para se casar e, em companhia da mãe, foi até a aldeia para saber minúcias. Em lá chegando, ficaram sabendo que a pretendente devia ser linda, ter estudo e conseguir tirar do papel. através daqueles rabisquinhos que chamavam de letras, as mais diferentes notícias que alí se achavam, misteriosamente vivas e a espera de quem as entendesse. UAU!!... Ela sabia que era bonita e desde pequena aprendera a ler e escrever, quase que sozinha, na beira do riacho. Sua mãe implicava com ela por ficar perdendo tempo com aquelas bobagens mas agora isto poderia representar TODA a diferença, entre ela e as demais moças do Reino, pois saber ler por alí era uma raridade.
Um teste estava marcado e aconteceu uma semana depois, em pleno pátio do castelo Real. Dezenas de moças estavam presentes e sonhando serem as escolhidas.
 
            Mas todas elas foram sendo desclassificadas.. Umas por serem feias demais, outras por serem deselegantes demais, outras por falarem demais, outras de menos, outras mais por serem totalmente sem modos ou graça feminina... Até que chegou a vez da nossa moça da roca. ela se fazia acompanhar de sua mãe e, assim que chamada, entrou no átrio de um aposento luxuoso onde várias personalidades se encontravam. Sua beleza impressionou à todos que ficaram admirados com ela. Um rolo de pergaminho foi-lhe dado e ela, com desenvoltura, desenrolou o mesmo e leu, dalí, uma linda poesia que a Ada tinha feito para a ocasião. Sem um tropeço, declamou a poesia com voz maviosa, com graça e um charme natural e lindo. Foi um sucesso!! O rei desceu do trono e veio abraçar a moça que, toda tímida, não cabia em sí de felicidade. O rei apresentou-lhe então o príncipe... LINDOOOO... risos!!
            - Tia, você está muito feliz né?...
            - Ahn... é .. bom, sim claro, por causa dela... toss.. Combinaram que o casamento Real seria marcado para dalí alguns meses. O rei estava feliz e até melhorara repentinamente mas a falta de dinheiro estava brava.      
            Um casamento Real fica caro e eles não tinham dinheiro. Flora do céu... Sabe o que aconteceu então?
            - Não tia, conta... conta..
            - A velha, mãe dela, que tinha medo de que afilha acabasse perdendo o casamento abriu sua boca e soltou a maior mentira...
            - Minha filha pode transformar palha em ouro!!
            - O rei imediatamente acabou com a festa. Dispensou à todos e somente com o General, o mago e as duas, além do príncipe, sentenciou...
            - Mulher!! Acredito que sua boca ocasionou uma desgraça para tí e para tua filha... Vou deixá-las presas em uma masmorra, incomunicáveis, por três dias. Junto de vocês, pão, água e muita... muita palha.. Ao final dos três dias irei pessoalmente ver o que se passou. Se toda a palha estiver transformada em ouro, sua filha será a nova rainha, caso a palha esteja por lá, intacta, você e sua filha serão imediatamente decapitadas em praça pública. Decapitadas é porque o rei ia mandar cortar o pescoço das duas Flora!! É assim que se chama quando as pessoas são executadas desta forma.!
            - Nossa tia, que Rei ruim!!
- Ah minha lindinha, existem coisas piores, Veja o Renan Calheiros...... Mas voltemos ao conto do anão... ele já vai aparecer! Bem, as duas foram trancadas numa torre à pão e água. Em sua volta, até o teto, palha e mais palha lhes faziam companhia. A moça chorava e se lamentava por ter levado sua mãe junto dela. A velha se maldizia pela boca sem controle e as duas se viam totalmente sem saída. Passou-se o primeiro dia e o segundo... As duas cada vez mais desesperadas contavam as horas para a execução. Ao longe ouviam os barulhos vindo da praça onde estava-se armando um palanque para a execução. Então, não sabe de onde e nem como, pois foi uma mágica, claro, sugiu um anão chapeludo e dono de um grande nariz todo torto, com cara de malvado. Em um momento nada havia alí, no outro, ela deu de cara com o baixinho feioso. Ele sorriu para ela com uma boca muito feia, quase sem dentes!!

            Gente, vocês precisam ver a carinha de espanto da Flora...!!
            - Lalarilalá... Nossa, porque você está chorando moça? - Perguntou o anão..
            - Ah meu senhor, estou em desgraça... Vou morrer amanhã... e, chorando, contou tudo pro anão.
            - Eu sei de um jeito para resolver tudo!! Disse o anão olhando para ela e se espantando com a feiura da velha.. Posso resolver tudo!!.. Sou muito poderoso!!
            - Como?? disseram as duas ao mesmo tempo...
            - Posso transformar toda esta palha em ouro fácil fácil... Jactou-se o serzinho como se falasse a coisa mais natural deste mundo..
            - Faça isto, anão, disse a moça desesperada, e te transformo no anão mais poderoso deste reino!!
            - Isso, isso, secundou a velha dugudéia passando a mão no pescoço...
            - Hum, disse o anão desinteressado... Nada disto me interessa... Mas posso fazer um acordo.. Se aceitar, moça, seus problemas estão resolvidos... Caso contrário você vai pro machado... que dózinha deste pescoço tão lindo!!
            - O que me propõe Sr. anão? Como posso chamá-lo??
            - Simples.. daqui à 5 anos vou voltar à este reino. Até lá você terá um lindo filho, serás a rainha deste reino e viverá feliz com o príncipe. Quero seu filho!! Daqui à 5 anos virei buscá-lo e o levarei embora.. Meu nome é totalmente desconhecido neste mundo.. ninguém sabe pronunciá-lo... serei apenas .. anão, pronto!!
            - Tá louco?? Nunca!! Levar meu filho só comigo morta!!.. Sr anão!!
            - Muito bem moça... estou indo então... Até nunca mais então, e deu uma risada aguda que arrepiou até os ratos da torre..
            - Espere, gritou a velha.
            Virou-se para a moça e disse:
            - Minha filha, pense bem... Você pode ter mais filhos!! Um a mais ou a menos não vai fazer diferença..!!
            E tanto ela encheu a cabeça da moça que ela aceitou a proposta do anão.
            - Bem, hora de me divertir disse o anão. Primeiro um castigo nesta velha mentirosa..fez um passe de mágica e a velha virou uma estátua num canto qualquer da torre. .. Daí o anão trabalhou a noite toda...
De manhã cedo o rei e a comitiva de execução tiveram uma surpresa. Dentro da torra uma estátua e montes até o teto de ouro... Tudo brilhava numa riqueza sem precedentes. Em meio a tudo isto a moça se quedava quieta, com um sorriso satisfeito nos lábios.

            O Rei ficou tão, mas tão feliz que morreu alí mesmo. O príncipe, tomou-a nos braços e beijou-a apaixonadamente. Foi uma festa!! Casaram-se imediatamente pois riquezas no reino agora não faltava. Dentro de pouco tempo, o povo, feliz com os novos soberanos, soube que a rainha ia ganhar seu primeiro neném. De fato nasceu um menino lindo... seguindo os traços da mãe, com saúde e dono de tal encanto que os pais fizeram uma festa que durou semanas. Esquecida da promessa feita ao anão lá na torre, embriagada de felicidade a nova rainha..
            - Tia, o que é embriagada?
            - Ah, Flora, desculpe meu anjo... a tia conta o que é... é quando uma pessoa fica boba, nem consegue pensar direito... assim estava a rainha..
            - Ela bebia também tia?
            - Não meu anjo... falei em outro sentido... deixa pra lá..(Garotinha esperta..)!!
            Os anos se passaram... Todos felizes. Mas duas coisas aconteceram... nada de um segundo filho e a rainha, ao final do 4º ano de reinado, deu de chorar pelos cantos, com as aias cansando de escutar soluços por trás das portas.
            - Aias tia?
            - Sim Florinha... as empregadas dela...
            À medida que o 5º ano se encaminhava para o fim, o desespero da rainha aumentou e todo mundo passou a ficar preocupado com ela. Nada a alegrava, apenas a presença do pequeno principe menino. A tensão foi crescendo. O rei procupado tanto pediu exigiu e lutou que acabou ouvindo dela a promessa feita ao anão.
Longe de brigar com a rainha, mandou cercar todo o palácio e deu ordens de prisão para o anão se ele aparecesse por alí. No dia combinado, logo cedo, Rei e Rainha, ainda na cama, o anão irrompe quarto adentro cantando desafinadamente..
            - Vim buscar o menino!! Cadê ele? Estou com pressa!!
            Só a rainha conseguia vê-lo. O Rei estava imóvel na cama... nada via ou ouvia da conversa..!!
            - Nossa tia- me disse a Flora -Este anão era ´poderoso mesmo heim?
             - Muito mesmo Flora. Era um anão mágico muito feio e muito poderoso!!
             A Rainha caiu em prantos... Gritou sozinha no palácio... ninguém a ouvia. Estavam parados no tempo, ela, o pequeno príncipe e o anão malvado. O anão lhe disse então..
            - Rainha, ainda tens uma chance... Quase impossível mas é uma chance de manter seu filho..
            - Em nome de tudo que é sagrado, Sr. Anão... O que posso fazer? Quer um ducado? Escravos? Ouro?... o que???
            - Nada disto.. Vou te dar uma última chance... Se acertares meu nome... estás livre de mim!! Tens dois dias... Prepare a sala de audiências... Quero todo o povo lá!!
            E PUFF..!!! Sumiu !!
            Imediatamente o Rei acordou... viu só uma fumacinha que se espraiava preguiçosamente no ar... Desconfiou na hora...
            - Rainha!!... o peste do anão.... Ele esteve aqui né..?
            - Sim marido meu e Rei... e aos prantos contou o último acontecimento em desespero... Como iriam descobrir o nome do anão se ele nunca tinha sido falado na terra?? Era só pra acabar de fazer seu sofrimento ser incalculável... e desabou em soluços de dar dó.
            - Moverei céus e terras - Disse o Rei - Acharemos o nome deste anão!!
            O reino virou uma tremenda confusão. Nomes eram anotados... dos mais simples aos mais estranhos... Colocados numa lista que foi crescendo sem parar..
            Um velho de barbas brancas bate à porta do palácio no raiar do dia fatídico.. O rei em pijamas Reais vai atendê-lo..
            - Num conto de magia como este, Sábio monarca, - Diz o ancião_ as coisas simplesmente acontecem por terem que acontecer. Anote aí o nome do anão malvado. Ele me deve muito... vai pagar por isto... RUMPELSTISKITTIN.... Saiba continuar a ter sapiência em seu reinado... Adeus...
            E PUF de novo... Mais um sumiço.
           O rei, impressionadíssimo, anotou o nome na lista e correu contar pra rainha.. Já a sala de audiência estava lotada de gente que se acotovelavam querendo ver o desfecho de tudo aquilo. O Rei sentou-se no trono com a Rainha ao seu lado.. Aos pés dos dois um menino lindo brinca com bichinhos e soldadinhos de chumbo.          
            O maior silêncio se faz.. nem um zumbido de mosca se ouve... risos..
            - Floooora querida... vamos embora!!..
            É a mãe da menina que sobe as escadas ao nosso encontro.
            - Por favor mamãe.. por favor, a tia tá me contando uma estória de anão!!.. Quero ouvir o resto!! Tia, pede pra ela deixar eu ouvir, pede..
            Fiquei sem jeito, claro. A mãe dela me olhou em uma pergunta muda e eu balancei a cabeça...- Está acabando Rosa, já ela desce..
            - Ok mocinha - e tornou a ir pra sala...
            Respiramos as duas, aliviadas.. risos.. Seu rostinho expectante tornou a se voltar para mim...
O anão surge de repente no meio da sala!! Dá uma pirueta e rouba um "OOhhh" geral!! Com um muxoxo se encaminha para o trono. Faz uma mesura exagerada de diz...
            - Acabemos com o teatro, ó rainha.. Dê-me a criança pois!!
            - Fizestes um trato com ela vilão!! Gritou o Rei
            - Flora, vilão é uma pessoa ruim!!
             - Ah, isto eu sei tia.. Continue por favor...
             - Tá certo disse eu. O anão olhou espantado para uma lista de nomes que a Rainha ia dizer. Seguro de seu segredo, acomodou-se com um sorriso mau no rosto e esperou...
            - Seu nome é Pafúncio disse a Rainha...
            - Nãoooooooo.. disse o anão entre gargalhadas..
            - Seria Porfírio?.. respondeu a Rainha...
            - Nãoooooooo disse de novo o anão... Só mais uma chance ó rainha!! A Última...
            - Então, anão malvado e coisa ruim... Seu nome é RUMPELKITIN!!
            Nossa!! O anão... ele roxeou... empretejou e começou a gritar palavras estranhas e sinistras!! De repente começou a pegar fogo e queimou... inteirinho ali mesmo, na frente de todo mundo!! Seus dois rabinhos de cavalo viraran fumaça...Muita gente desmaiou.. uma algazarra!!
            Moral da estória, Flora.. O anão sumiu para sempre e o rei, a Rainha, o pequeno príncipe e todo aquele reino... viveram felizes para sempre!!
            Tomei-a pelas mãos de novo e descendo as escadas levei a pequena de volta aos pais que logo partiram.
            A inocência de uma criança... Meu Deus... Não pude deixar de pensar, com olhos malvados de Rumpelstkitin o quanto aquele conto era furado!!
            Por exemplo... risos..
            1)- Rei que abre as burras para acudir o povo??... risos... Nem em contos de fadas!!
           2)- Se o Reino estava quebrado, que espécie de idéia brilhante era a de o príncipe se casar um uma moça pobre e inculta ??
           3)- Porque seá que só uma moça que mora lá no meio do mato, perto de um riacho qualquer, em todo o reino, sabe ler e escrever? Essa não cola!!..
           4)- Que contador de estórias é esse que se desmunheca todo pra elogiar a beleza do príncipe??.. Hummm.. Até a criança se espantou com o intusiasmo do La Fontaine paranaense..!!
           5)- O Que a Ada está fazendo nesta estória? Este conto tá mal contado!!
           6)- Onde estava a velha com a cabeça, que de louca nada tinha, quando foi inventar uma afirmação tão imbecil quanto a que a filha podia transformar palha em ouro.! Se assim fosse elas não andariam quase na miséria.. que idiota!!
           7)- Um rei bondoso como aquele ia mandando decapitar uma velha tota e sua filha inocente que nada tinha a ver com a barbaridade dita por sua mãe!! Que Rei bondoso é esse??..
           8)- Agora minhas suspeitas maiores... O anão sabia que ela ia ter um filho é dalí a 5 anos ia buscá-lo... SEI !!.. Transforma a velha em estatua e... trabalha a noite inteira... risos... SEI De manhá a moça está com um olhar de boa aventurança... SEI!! Quero ser uma macaca se realmente não SEI!!.. risos..
           9)- Nasceu um menino com os traços da mãe... rindo... Oras oras... E do príncipe.. nada??
           10)- A nova rainha não teve mais filhos... engraçado, passa uma noite com o anão e logo depois do casório nasce um menino que é a cara da mãe e depois nunca mais eles tem filhos.. Será que este príncipe lindoooooooo.. não tem alguma coisa de contador de contos?.. rindo...
           11)- Outra coisa... Que filha desnaturada é esta que deixa a mãe transformada em estátua como se fora a mulher de LOT e nem dá mais atenção pra ela??
          12)- ... Ara!! só pra acabar por aqui vá... que rei é este que tem uma mulher que sabe transformar palha em ouro e JAMAIS pediu repetição do encantamento ao longo de 5 anos?.. Ah se sou eu...!!
           Decididamente os contos de fadas e anões tem sua magia e encanto... Sou eu quem, definitivamente, sou uma Rumpelstiskittin...!!
           Beijos à todos!!
           MariaAntonietaRdeMattos.
       setembro de 2005