segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

*** AMOR, JÁ NÃO TE BUSCO *** ´poesia





 
IAmor, já não te estranho;
 eu sempre te vejo
nas nuvens do céu,
ou num astro distante...
Te vejo no rumor do mar,
ou em  breve lampejo
da flor que eclode
 em seu etéreo levante...
 
II
Amor, já não te busco,
porque és o meu centro
na impassível lua
 e no sol abrasante...
Com o brilho de fora
 e a a sombra de dentro,
no frescor das manhãs
 em perfume fragrante...
 
III
Estás sempre comigo,
 eu te tendo ou não tendo...
Te sinto ao meu lado e
 amor,  a vida continua;
no fundo da alma
na vida que estou vivendo...
IV

Em uma encruzilhada,
diante de minha vida,
preciso  definir logo e
assumir também a tua...
precisamos ser felizes,
 não quero outra saída...

MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
   mariahantonieta2003@yahoo.com.br

julho de 2008
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*** MEU CORAÇÃO...*** poesia




                             


*** MEU CORAÇÃO...***
 
I
 
Meu coração aos prantos,
me disse em grande crise:
 
-Porque me entregas
ao primeiro que passa;
Porquê  deixas
que uma mão cega me martirize,


soltando-me no fogo,
entre as brasas da desgraça?...

II
E como não vês que
ninguém divide meu destino,
que nada retribui
ao meu tremendo carinho?...
sou como um pardal
nas mãos de um menino,


Só me destroçam 
o querer  se sou  sozinho...
 
III

Ah se soubesses,
alguns me jogam contra o solo,
outros me ignoram,
nas chacotas estou no meio...
Ando tristonho e perdido,
por isto é que choro,


e por ser tão  confiado
causo estupor e até receio...

IV
 
E mais e mais padeço...
Não sofres minha tristeza,
desesperada e grande?
Sim, eu já não posso mais!!
Não tenho forças para seguir,
podes ter  certeza...


Então porque me ofereces a todos?
Porque o faz?...
 
V

Eu lhe retruquei:
- Sinto o peito   esmagado;

seu penar causando lágrimas,
que podem me sufocar...
um coração todo  machucado
sei que só queres ser amado...


Eu te ofereço sim...
Tú és o melhor que  posso dar;

MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
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julho de 2008


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***AUSÊNCIA...*** poesia




                          


***AUSÊNCIA...***
I

O buquê de astros
 estremece na altura,

movido pelo vento
da eterna harmonia...

e conflitantemente
o silencio murmura;

entre o relampear
das estrelas sua poesia...

II

Tu  não estás comigo,
para fazer-me bendita,

e estás tão longe que és
apenas uma  tristeza...

E a  lua, nesta noite,
se faz ainda mais bonita,

como se esperasse
também pela sua beleza...

III

Um pequeno riacho
claro no vale ondula;
e a sêde das plantas
lhe descobre o véu...

A terra,vendo estas
maravilhas, se azula;

desejando
se transformar  em céu...

IV

Sinto que te aproximas
nesta noite terna,
pois mesmo longe,
o sonho ainda nos une....

É como duas estrelas
em uma mesma cisterna;
que a fantasia da água
remexendo reúne...

V

A beleza é mistério e 
 meu amor de poetisa,
se recorda e com mão segura;
em claridade converte...

E na tua ausência dura
 ela apenas idealiza
a melhor maneira
de tentar querer-te... 

VI

Se não só em meus versos;
se em realidade vieres,

ouvirás de mim a melodia
que alegremente chora..
Mas estás tão longe... Amor,
venha assim que puderes;
não mais te suporto longe,
onde por Deus, estás agora?
MariaAntonietaRdeMattos.
     
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julho de 2008

*** NÃO TEM IMPORTÂNCIA...*** poesia




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*** NÃO TEM IMPORTÂNCIA...***

I
Esta pena minha,
deixou de ter importância...
Só é agora a tristeza que se avizinha,
e  íntimo sonho que; sozinha,
tem sempre constância...

II

Tudo que tem vida  morre,
E a vida pode ser muito bem vista...
Mas nada importa, se a vida concorre;
pelo vão das mãos ela escorre,
mesmo que nunca desista...

III

Bem, é sem importância,
desde que  eu seja bem razoável...
Não posso pedir amor ou constância,
se tenho comigo  a culpa e ânsia
 por não ser  variável...

IV
Que valem as queixas minhas,
se não as vês, se nunca as  escuta?..
Ou as caricias, se estão sempre sozinhas;
sofrendo em mãos mesquinhas,
apesar de tanta luta?

V


E, se a pena minha,
nada é que  uma mera fragrância...
Se ela  nada vale; é uma pena pequeninha;
 se vê que serei sempre sozinha,
não tem mesmo importância...

MariaAntonietaRdeMattos.
     
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   mariahantonieta2003@yahoo.com.br

julho de 2008

***FOLHAS*** poesia










***FOLHAS***
I
Vês aquele salgueiro
todo bravio,
que em dolente languidez,
se enclina em leito
sombrio,
enamorado talvez,
das espumas
do rio?...

II

Pois amor,
olhe o roçar constante,
de seu engalhar sedento...
Sinta seu suspirar
incessante;
que, desde sua copa
oscilante;
arranca tímido
o vento...
 
III

De manhã,
quando sem escolha,
nas auroras,
perca o estío;
o verás, úmido e frio,
ir atirando
folha por folha,
sobre a espuma
 do rio...
 
IV
 
E ela então
trocando de ares,
levando cada
folha caída,
as selvas cruza
em mil lugares,
para abandoná-las
sem vida,
nos recantos
mais vulgares...

V

Ah! Quão
ingrata tu serias,
e quão fundo sentiria
minha dor;
se à estas folhas
tecendo fantasias,
abandonasse
já frias,
como a espuma,
teu amor....
 
julho de 2008

 
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*** O DIA QUE VOU TER *** poesia




                                 


*** O DIA QUE VOU TER ***
 
I

Esta manhã acordei emocionada
 com  as coisas que
vou  fazer...
 
Proceder na  vida antes que
o relógio soe...

Tenho o que resolver em minha estrada
e  ainda que na correria  
o tempo voe,
 
Meu trabalho é saber o tipo de dia
 que vou ter...
 
II

Hoje posso queixar-me pois o tempo
promete  ventos
e chuvaradas,
 
ou  posso me sentir triste porque acabou
 todo o meu  dinheiro...
 
Mas posso estar contente por não gastar
 com bobagens o
 dia inteiro,
 
e também dar graças à Deus porque
as plantas estão sendo
regadas...
III
Hoje posso me queixar de alguma coisa
errada em minha 
saúde,
 
ou mesmo  me queixar pois meus pais
 não me deram todo
o  querido...
 
Porém  eu sou agradecida pois afinal
  me permitiram ter
nascido,
 
e posso festejar por estar viva;
 o que é bem melhor que
um ataúde... 
 
IV

Posso chorar a falta de carinho das rosas
 por ter  tantos
espinhos,

ou mesmo  me auto compadecer
 por não possuir lá  
muitos amigos...
 
Mas posso emocionar-me
ao  ter novas relações e valorizar
os antigos,
 
e recordar  o fato de que  os espinhos
que possuem  rosas,
tem carinhos...
 
V

Se hoje o dia se apresenta ante mim
esperando pela vida;  aqui estou
também...
 
Que você tenha como eu,
 lindos dias em todos
os anos;
 
a menos que tenhas  em mente
 outros modos de ver ou 
outros planos...
 
Sou uma poetisa...
 Minha escolha é por mim 
 por  mais ninguém...
 
 
julho de 2008

 
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*** UMA LÁGRIMA... *** poesia








*** UMA LÁGRIMA... ***
 
I

Se a magia da arte cristalizar
pudesse;
esta gota ligeira de origem
 celestial...
Na mais nobre parte do peito
 a poria:
e nenhum tesouro neste
 mundo haveria
que lhe pudesse fazer sombra,
ser igual...
 
II

É por ela que o amor se inflama
e suspira, 
que trás a ternura e mostra
 inspiração...
Sua luz é uma chama do céu,
desprendida;
que pode  infundir ao mármore,
 a vida
e  penetrar  fácil no fundo do
 coração...
 
III

Quem olha indiferente a lágrima
 preciosa
que verte a sempre generosa
 sensibilidade?..
Seu brilho; transparente a alma
 deixa,
seu matiz mitiga a dor, diminui
toda queixa
abrindo a senda divina que leva
à felicidade...
julho de 2008


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*** POR QUERER-TE TANTO... *** poesia








***  POR QUERER-TE TANTO... ***
 
I 
 
 O desamparo remoto
na estrela se atrela,
feito um irmão do amor,
 sem esperança...
É quando o ferido coração
já não alcança;
senão o consolo
de morrer por ela...
 
II

O destino às vezes fútil 
sempre temendo;
por saber ver
que com graça dolorosa,
na fragilidade
demonstrada em cada rosa;
existe algo nosso
que está morrendo...
 
III 

Ilusão de alcançar
de forma esquiva;
a compaixão que agonizando
 implora...
Eis uma luta perdida
 restando agora;
saber que vai  nos matar
 por excessiva...
 
IV

Tristeza que transborda
fatal encanto,
que é incapaz
de qualquer glória ou arte;
só acerto, pensando,
ao perguntar-te:
- Que culpa tenho 
por querer-te tanto?
 
V

Heroísmo de amar tolamente,
até a morte...
Eis um coração que  iludido
 te imolara...
Vivendo uma nobre sensibilidade
 tão clara;
como o gozo que em lágrimas
agora verte...
 
VI

E... em linguagem vulgar
 de toque brando,
ao depositá-lo em tuas mãos,
eu te diria...
- Como é que  não entendes,
alma minha
que de tanto adorar-te
 ele está se matando?
 
agosto de 2008


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*** FOLHAS AO VENTO *** poesia




                                 


 
I

E lá se vão...
são folhas soltas
de uma árvore escassa em frutos...
É humildíssimo
este tributo,
que  dá ao mundo seu
coração...
 
II

E lá se vão...
as folhas  revoltas
em vôo ao léu, confuso e genuíno...
Elas não
tem aroma ou  destino,
à mercê da caprichosa
monção...
 
III

Para estas folhas,
 os sonhos
da vida marcam e simbolizam...
Os sentimentos
 puros divinizam
a almejada ventura e a
oração...
 
IV

Emblemas
mostrando risonhos
devaneios que em plena aurora;
a ilusão se define
e então colora
em capricho pois jamais
volverão...
V

São folhas
murchas e sombrias!
E já aquelas ramas que adornaram
tristes e em desalento
 se dobraram
com o minuano que soprou
no fim...

VI

Todas aquelas
 agrestes harmonias
que em outro tempo ao ar se deram,
nas últimas tardes
se perderam,
em meio à bruma sêca,
 carmezim...
VII

E lá se vão... 
as folhas desprendidas,
por entre  loucas rafagas do outono...
sem deixar nem ao menos
um retorno
em seu trânsito incerto,
fugaz...
 
VIII

Folhas de cores
tristes e esparcidas,
pelo vento desalmado arrebatadas...
Nada mais tens de belezas
encantadas
restam-lhes apenas  ser pó,
 em paz...


MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
   mariahantonieta2003@yahoo.com.br


agosto de 2008

***UM DOMINGO DE 1966 ...*** conto




                      

 
 
 
Gente!!... Quem tem mais de 40 anos vai se sentir em casa...
Pra quem tem menos... risos, uma lição de história antiga...
 
 
 
 
 
***UM DOMINGO DE 1966 ***
I
 
      Apucarana, qualquer dia de domingo de 1966..
      Acordo meio tarde..Deve ser mais de 8 horas... Mas não podia deixar de assistir o filme "os Invasores" que já começou tarde, .. 22:00hs e acabar a noite, sob olhares de reprovação de meu pai, vendo o Elliot Ness dar mais uma surra na turma do facínora Al Capone!. "Os Intocáveis " acabou mais de meia noite..Ah!! e o David Vincent conseguiu segurar a onda mais uma vez, estragando mais um plano para dominar a terra, perpetrado pelos invasores.
      Corri até o quarto de meus pais e dei um beijo em cada um para ir deitar. Consegui pegar uma calcinha de minha irmã no varal, sexta feira, e tenho dormido com ela... A mesma velha sensação de relaxamento e indescritível bem estar se espalha por todo meu corpo assim que, por baixo do lençol sinto minhas pernas nuas em contato uma com a outra...       Sou uma mulher, vario em sonhos de erotismo...
      Puxa vida, esquecí de rezar... Meu Deus do céu.. e agora, com esta calcinha? Será que Deus vai ficar zangado comigo por estar usando-a..? Por via das dúvidas é melhor tirá-la para rezar. Jogo fora a coberta com os pés, tiro a calcinha e rezo o pai nosso... Coloco a calcinha de novo e me cubro rapidamente.. Ouço minha irmã a gritar de lá do quarto dela... - "Bença pai!!"... "Bença mãe".. Durmam com Deus, pai e mãe...
      Eu rolo um pouquinho pra cá e pra lá.. Não conseguirei dormir se não o fizer também... Estou achando meio ridículo mas meio com sono me vejo gritando também... "Bença pai"... "Bença mãe"... durmam com Deus, pai e mãe.
      Voltando ao domingo... Quase oito horas... O cheiro de café entra no meu nariz e me acordo de vez. A Delfina ( nossa empregada) canta a pleno pulmões uma música que está fazendo o maior sucesso.. Wilson Simonal e "Meu limão, meu limoeiro". Nós temos até o disco long playing onde ele canta esta música e eu a acho muito legal. Trato de pular da cama e a primeira coisa que faço é esconder, debaixo do estrado da cama, a ex-calcinha de minha irmã. Vou pro banheiro, tiro o pijama de flanela todo amarrotado na parte de cima, apresentando a calça ainda passadinha... risos.
      Hoje o dia promete!! Entrou em cartaz no cine Guarujá um filme que meus amigos disseram que a gente se parte de rir.. "A Corrida Do Século" onde, segundo o Nestor, meu colega de 1º Científico, foi um dos que assistiram parte do filme quando o Napoleão estava colocando os rolos nos projetores.
      - Até a a torre Eiffel é destruída por um professor muito louco - diz-me ele entre risos...
     
      NÃO POSSO PERDER!! Armo a estratégia enquanto tomo café apressado. Vou à missa das oito primeiro... assim eu faço uma média com Deus e com minha mãe que vive me observando demais nos últimos tempos...Não tenho me acerta do muito bem com a química do Caldini e a física do professor Florindo, mas tudo faz parte! O Duro é aguentar o Padre Leonardo falar com aquela vozinha de velhinho dele, e em latim. E, apesar de eu ter sido coroinha por 3 anos e saber repetir todos os refrões, não sei patavinas do que estão falando!!
      Volto da missa mostrando uma jovialidade absolutamente desproporcionada e descabida. Meu pai está na mesa de café lendo "O Estadão" e escutando na Bandeirantes, o Vicente Leporace contando todos os crimes hediondos que aconteceram em São Paulo de ontem pra cá. Meus velhos trocam olhares de entendimento entre eles. Só muito tempo depois, rsrsrs.., quando meu filho fez o mesmo caminho, pude entender o tamanho do discurso que tinha rolado entre eles naquela simples troca de olhar.
      Descobri que o nosso Aero Willys, lavado no final do dia de sábado e guardado na garagem de casa, estava muito sujo e que eu, estando mesmo à toa, poderia perfeitamente dar uma passada de água com sabão no carro e deixar as faixas brancas limpinhas como meu pai gostava.. O jornal abaixa-se e por trás dos óculos, novo olhar cruzado entre a mesa e o fogão da cozinha.
      Quando meu pai baixou o périódico para, com voz empostada de autoridade me alertar que sou menor de idade, não possuo carteira de habilitação e nem estou indo tão bem assim na escola, que me dê o salvo conduto para umas voltas com ele do lado, desarmei-o com um olhar inocente e disse que ele tinha toda a razão. Que eu não iria lhe pedir o carro... ante a surpresa dele e de minha mãe detonei o final da conversa...
      Só quero ir ao cinema hoje na 2ª sessão!!
 
 
 
II
 
      Um pequeno intervalo gente. O que ficticiamente está se passando nesta narrativa, tem muito da realidade de minha adolescência e, se não ocorreu exatamente desta forma, creiam-me... não foi muito diferente..No meu caso as cores tem uns tons um pouquinho diferentes, sem deixar de nos dar um gostinho amargo e doce de saudades e lembranças.
      Eu ficava a semana toda me cuidando e "sendo" uma alma caridosa em casa porque se nada tivessem a declarar contra mim, o Aero Willys acabava sendo meu no fim de semana, depois, é claro, de todo um ritual... risos. Moro ainda, como morava na época, na mesma pequena cidade do interior onde 20.000 almas se conheciam e todas se inter relacionavam. Duas sessões de cinema no domingo.. Uma às sete, para a moçada mais nova e que tinha que ir pro colégio logo cedo, na segunda... A outra, mais tarde, aí pelas nove horas, era o supra sumo do final de semana.
Nesta sessão é que iam as garotas mais bonitas, mais sexis... Era nesta sessão que iam também "Os caras"... aqueles a quem devíamos seguir em gestos e modos.
      Eram os nossos Elvis, Lennon e Buddy Holleys...!Assim que acabava a primeira sessão e o "seu" antônio abria a portaria... entrávamos em bandos... As moças sentavam-se recatadamente em lugares escolhidos alhures, colocavam-se expressões de enfado nos rostos e pareciam extremamente "entendiadas-com-tudo-isso".
      Os rapazes... risos... ficavam subindo e descendo pelos corredores do "Cine Guarujá" olhando de rabo de olhos para as cadeiras, marcando lugares e tal... Uma música do Ray Connif marcava o início da sessão... As luzes se esmaeciam e um projetor "meia boca" começava a mostrar as camas e guarda roupas das "Casas Progresso"... risos...A fotografia que mostra a loja em um canto superior, estampa a fachada da loja como era há 15 anos atrás. Seu proprietário, "seu" Ataídes, sovina conhecido por toda Apucarana, se recusou a tirar uma fotografia nova da sua loja, de forma que lá está, em frente às portas de entrada, um palanque de madeira de eucalipto, próprio para amarrar os animais de fregueses.
      O Napoleão, encarregado do projetor, sempre de latão cheio, invariavelmente colocava os slides ao contrário, engordurados e cheios de "marcas" do sebo da mortadela que ela punha no pão, ou, muitas vezes de cabeça pra baixo... quando isto ocorria, a sala quase vinha abaixo;...As vaias eram certas... Então. meu Deus, assim que as luzes deixavam de incomodar, os rapazes, como que por mágica, já estavam sentados de "bonde" ao lado das felizardas... risos..
Isto tudo... só na sessão do Cine Guarujá....
 
III
 
      E lá estou eu, ingresso na mão(1/2) e carteirinha da UNE na outra. dizem que em São Paulo e mesmo em Curitiba, esta carteirinha não vale mais nada. Fomos então avisados pelo diretor Fred, que no nosso caso, as carteirinhas continuarão valendo desde que jamais apareça algum estudante comunista no Colégio Estadual. E quem é louco de ser comunista? Pra perder a carteirinha?... Esses caras não batem bem da idéia... definitivamente...
      Depois de toda a "sessão" ocorrida como expliquei acima, O ruído desagradável do projetor meia boca para bem no meio do comercial do sorvete "Q Delícia".. Uma escuridão demorada já nos indica que o napoleão está de fogo, pra variar,..risos.
      Então a tela se ilumina e aparece aquele morro no fundo de um vale. Ao som de Chô..Chô...vaiado por todo mundo na sala, uma ave de rapina alça vôo, atravessa a tela e, sem nos dar a menor confiança, se transforma em um letreiro que nos informa ser da CONDOR aquela fita..
      Ah gente... quantas saudades...
      Quando, ao fim do filme, o Professor Fate interpretado pelo impagável Jack Lemmon, destrói a torre Eiffel na sua tentativa invejosa de acabar com o Grande Leslie, vamos todos tomar iogurte, farinha láctea ou uma "Cerejinha" na lanchonete "São João".
       Depois... de trote pra casa. Tenho coisas interessantes sob o estrado da cama e amanhã cedo o Florindo estará mandando bala logo na primeira aula com uma tal de Equação de Torricelli... suspiros...
 
      Este foi um dia qualquer de domingo...1966.
      Um beijo proceis...!!!
 
 
      MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
   mariahantonieta2003@yahoo.com.br 
 
     
      setembro de 2008

*** ENGANO...*** poesia




                      


*** ENGANO...***
I
 
Apenas comecei minha jornada,
nem sei o dia;
apenas olhava absorta e  distraída
 para o luar...
Então a luz de teus olhos tornou-se 
 meu guia,
E iluminou de forma clara o caminho
 a andar...

II

Entrei então no labirinto de teus
pensamentos,
tentando chegar até o mais fundo de
tua alma...
"Segue em frente...direto", me disse
teu alento,
E me faltou aí,  contar com precavida
 calma...
 
III
 
Explorei assim os rincões de teus
 cabelos
E chegando ao teu nariz em frêmito
respirar
Beijei tuas bochechas, tua barba
e os pêlos,
Muralha que de tua boca estavam
 a separar
 
IV

Percorrí os desníveis existentes em
  teu peito
E chegar ao teu umbigo foi uma grande 
 façanha
O caminho que seguia ia ficando mais
estreito;
E por detrás da grande selva, tua
montanha...
 
V
 
Então galguei ansiada, a loucura de
 teu sexo;
ao chegar encima me senti muito
cansada...
Caminhei por teus braços procurando
 um nexo
E me acomodei, dormíndo em  tua
pele suada
 
VI

E o tempo passou e eu na jornada
 adentrando
Transitei em tuas rotas, por fora e 
por dentro..
Mas nesta jornada, sempre senti
algo faltando
Porque nenhuma delas me levava
até o  centro
 
VII

Só então me dei conta do quanto 
estava errada;
meu objetivo era conquistar um
 grande deserto...
Teu coração tinha fechado o porto
de chegada,
e por mais que tenha remado, não
 cheguei perto
de teu cerne amado... minha derrota
 na jornada...
 
setembro de 2008

*** TEU AMOR... *** poesia




                                    

 *** TEU AMOR... ***
 
I
 
Teu amor foi muito efêmero
 e de momento;
sem mimos,
sem paixão e nem falsidade...
Apenas um grito de angústia
e de tormento,
perdido na obscura e insana
 imensidade...
 
II
 
Teu amor foi muito efêmero
 e de momento;
Nunca se deu
ou teve a mão aprisionada...
Ele foi como uma pluma
 que se eleva no vento
através do tempo,
 do  espaço vazio e do nada...
 
III

Teu amor foi muito efêmero
 e de momento;
Nunca pude a sua luta,
 se a teve, contemplar...
Foi como um surrurro sem luz
 e sem alento,
como a despedida que proferiu
ao me deixar...

IV

Teu amor foi muito efêmero
 e de momento;
como uma ave aventurada
  e que deu azar...
Foi como o aventureiro
de cobiça sedento
que encarou a desconhecida
 fúria do mar...

VI

Teu amor foi muito efêmero
e de momento;
sua fragrância
 na brisa forte se apagou...
Só em meu peito refletiu-se
 um lamento,
um sonho bobo que no mar
se naufragou...
VII
 
Teu amor foi muito efêmero
 e de momento;
sua doçura, se é que a teve,
 se evaporou...
"Como uma gota humilde
no firmamento"
que nada vale
e ao pensar em ser...passou...!

MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
   mariahantonieta2003@yahoo.com.br

setembro de 2008