domingo, 9 de dezembro de 2012

*** PARA QUÊ?... *** poesia




                                             



*** PARA QUÊ?... ***
I

Para que
 querer  afeto profundo,
e este afã de ser nobre
ou lutar por ser?...
só viveremos
um instante no mundo;
e esta vida carrasca
não vai nos  deixar querer!!

II
Para que
transformar o gemido
em canto;
e aprender com a dor
não valorizar o escarcéu?
Todos vão seguindo
surdos por desencanto;
e o pobre homem; perseguido,
tem horror ao céu!!.

III

Para que
ter bondade que provoca
abuso,
como os mimos que volvem
caprichosos ao ninho?
Ela finge  apenas,
ou  dá muito mal uso;
ao coração que está
necessitado de carinho!!.

IV

A vida destroça
a beleza com seu veneno,
e o bem com que sonhamos
é vítima do pior açoite...
Todas as flores
plantadas falsearão neste terreno,
e todas as estrelas juntas
não clarearão jamais a noite...

V

E... para que
alma minha,corres por
este ideal?
O caminho se perde...
não se olha e nem se vê...
Não é melhor descansar
no lago azul do que é irreal?
então apenas pergunto:
Para que? Para que?

agosto de 2008
   MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
   mariahantonieta2003@yahoo.com.br

*** DIGAS-ME *** poesia





*** DIGAS-ME ***
I
 
Diga-me o que dizes, mar,
tú que nada teme!
Mas não me diga
de teus cantares;
eles são,
com o coro de teus vários mares,
uma voz solitária que,
mesmo cantando, geme...

II

E esse  gemer é que
acontecendo nos redime,
da sina e luta fatal
de todos os seus pesares...
Debaixo da sina e vergasta
de nossos azares,
encontramos alento
para a dor que nos oprime...

III

Por não termos  razão
é que a sorte, numa boa;
cala toda a culpa,
põe as mazelas ao abrigo...
Porque a vida
 nunca esquece e nem perdoa...

IV

Então, desta enorme injustiça,
parecendo castigo
ignoremos o som solitário
 que o mar entoa...
E imploro, nunca me digas
o que nunca te digo...
   MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
  
mariahantonieta2003@yahoo.com.br
agosto de 2008

*** ESTE PLANO... *** poesia




                                       


*** ESTE PLANO... ***
I
 
Não tens tú a culpa
 se em tua mão,
meu amor se despetalou
como uma rosa...
Virá a primavera
e haverá flores então;
o tronco sêco trará flores
em vida nova...

II

As lágrimas  são as pérolas
 de um colar que se renova,
trançado com  raios
  de luz ...
Elas romperão a sombra;
 são as provas,

da renovação que chega
e me seduz...

III

Tú seguiras tua senda
e eu a minha...
Ambas libertas,
como mariposas...
Iremos de  flor em flor;
súdita e rainha,
seguindo o caminho
esperançosas...
IV

As palavras
secam como os rios,

e todos os beijos secam,
como a mesma rosa...

E se pensar a morte
nos trás calafrios;
temor ao além
e pensamentos sombrios,
deixa na fé o transpor
em uma vida nova...

V
 
 E o que já foi?...
Ah, jamais se recupera...
Toda esta primavera
que vem se espelhar,
trás novo alento;
torna real  nova quimera,
ensinando a prudência
até este plano mudar...
 
   MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
   mariahantonieta2003@yahoo.com.br
 
agosto de 2008


Photobucket - Video and Image Hosting

*** MALDADE...*** poesia




                                    


 *** MALDADE...***
 
I
 
Acesa em chama escura e
  acalorada,
a maldade tenta  devorar o iluminar
 do dia...
Amante eterna  que sempre é,
da noite fria;
persegue as luzes que se acham
enlutadas...
 
II
 
Ansiosa em meio a sua sombra
premiada,
em vão percorreu célere esta 
abrasada via...
E, porque   tentou ir  colocando
o que queria;
de escuridão na vida, não conseguiu
nada...
 
III
 
A luta cruel e o amargor maior,
 leva consigo,
ardendo e redobrando impossível
instância...
Levando em seu bojo o conhecido
inimigo...
 
IV
 
Assim é que corro com bárbara
constância
e sempre que  percebo a  ansiedade
comigo,
me apresso mais, ansiando maior
distância...
 
 
agosto de 2008


Photobucket - Video and Image Hosting

*** PENSANDO NO HENFIL *** poesia




                                            


 *** PENSANDO NO HENFIL ***
 
I
 
Vemos as notícias ruins
e também boas falas...
 
O riso solto e vemos,
também tragicomédia...

Gente livre, escravos,
guerra, paz e balas,
 
coisas modernas 
e  coisas da idade média...
 
Todas juntas
na  maior falta de consciência;
 
fartas de barbárie plena
esta que nunca falta...

 
IIO homem, esta louca fera
sem complacência,

sobre todas suas vítimas
chega célere e salta...

Suas vítimas são parte
citada destas quimeras...
 
Contá-las penso e vejo
que  jamais poderia...

São tantas...
feitas desde as mais priscas eras,
 
e todas  profundas
em época de tirania...

III
Filósofos...
vejo de forma clara em seus lábios,
 
manchados de modo perpétuo
que somem... 

Ah....!! O Homo Sapiens
 dito por estes sábios;

são o Homo Lupus,
eis o nome do  homem...

Sem fé  e perdendo valor
em sua tola redoma...

IV
Lindbergh todo pensativo
voou e voa... voa..
 
A Yanquelandia,
metade mostrando Roma,
 
metade mostrando Cartago;
chora numa boa...

E... de tanto querer velar por tudo,
perde a fala,

e mesmo que não se encontre
mais o caminho;

todos acabam passando,
Apenas um é que  cala...
 
Triste e desconsolado;
o que vaga sozinho...
 V
E então, por todos estes
meus pequenos irmãos,
 
"Deus os pague"
pois estarão  sempre sozinhos...

Eles protestam  apenas com lábios,
juntando as mãos,

alçando-as fúteis e ao léu
como que atacando moinhos...

Ah! Moinhos movidos à vento
como todos os outros,

coisas de interesse alheio
e que não sabemos , talvez...

Então... grunham os porcos
e relinchem os potros...

VI
Mas que sobretudo e então,
nos entendamos em inglês
...
 
agosto de 2008

*** VERA LÚCIA...*** poesia








*** VERA LÚCIA...***
 
I
 
Agora que estás mais divina e
 pela graça iluminada, 
  
tens tal perfume
que nem as  mais perfeitas rosas
   
sonham até onde chega
sua fragrância e odor...
    
Com a ajuda de tuas mãos
perfeitas e poderosas,
  
podes desfrutar da presença
de  Nosso Senhor,
  
agora que sois um ser divino e
 pela graça, iluminada...  
    
II   
Agora que estás mais divina e
pela graça, iluminada; 
     
feita de céu é tua boca
e de glória teus doces lábios... 
 
Eles que participam da  mesa do Reino;
 quem diria,  
 
do néctar dos deuses,
ambrosia e  vinho dos sábios,
    
e das viandas insípidas
das escritas de  teosofía;
    
agora que sois um ser divino e
pela graça iluminado....
    
III
     
Agora que estás mais divina e
pela graça iluminada,
Ajuda, amiga, a velar pelas  mazelas
ôcas da minha alma ...

Sabemos as duas
da dualidade na alma que eu tenho;

do choro sofrido pela falta de amor
que carrego em meu cenho...
Eu te peço, me guie, seja minha luz,
devolva-me a calma...
Agora que sois um ser divino,
pela graça iluminado...
 
 
agosto de 2008

*** O DIABO E O MONGE *** conto




                              


                       *** O DIABO E O MONGE ***
 
 
PRÓLOGO

      Queridos...
      Quando eu tinha 13/14 anos,ganhei como presente de Natal um livro todo encadernado em material de primeira, com lombada grafada em letras góticas, douradas.. que brilham até hoje na minha frente... parece-me estar vendo-o ainda hoje...Ele se intitulava "OBRAS PRIMAS DO CONTO UNIVERSAL". Foi talvez este livro que me despertou a vontade de escrever contos.  Eu me lembro que um deles, dos diferentes contos que lá haviam, chama-se o "O Velho Diabo". Uma obra prima fantástica de um escritor alemão do século XVIII chamado Friedrich Von Stuppnägel. Ele narrava a história de um diabo muito velho que, de saco cheio com a malvadeza, tinha optado por fazer um "retiro". E escolhera o átrio de uma velha igreja abandonada. Mas um velho pároco , também ele cansado da luta, resolveu se retirar na velha igreja. Não é preciso que se se diga que acabam se encontrando os dois e... maravilha... o conto flui ..Longe de querer me comparar à Stupnägell, apenas serví-me das lembranças que tenho daquele conto para achegar algumas achas de lenha ao meu..

      Beijos...
      MariaAntonieta
     

I


       O O sofrimento do monge  o atraíu. Ele que simplesmente por alí passava, distraído e envolto em pensamentos...  A emissão dos raios de dor e angústia o fizeram estacar e entrar. ele era um diabo ainda novo, perambulando meio que à toa pelo mundo. Diferente de seus muitos irmãos, este diabo tinha um quê de  estranho, de diferente dos demais .. Ele  entrou sorrateiramente e viu o monge rodeado de espíritos perdidos, sentado num canto imundo do sótão, na velha torre daquela igreja abandonada...
       O monge deixava que a fina chuva que invadia o cômodo, pelas frestas do telhado danificado, o atingissem o rosto. O diabo sentiu os pensamentos do monge envoltos num torpor quase maligno, enquanto tentava entender coisas que não deveria questionar...pareceu-lhe um emaranhado de questionamentos tolos de uma fé cristã que há muito se tornara um fardo..pesado demais para que o monge pudesse suportar naquela idade...
      Aproximou-se sem nenhuma intenção de fazer dele mais uma vítima. A maneira como os espíritos rodeavam a velha figura e sua indiferença a eles...apesar de estar claro que o monge os via e os sentia...fazia-o pensar e pensar...em sentidos...em certezas e razões, e na eloquência de suas ações refletidas no torpor de sua mente perturbada. O monge não estava longe o bastante para sua percepção ignorá-lo...nem perto o bastante para seus sentidos o perceberem  
....umas de suas mãos acariciava a testa franzida..os olhos apertados no que parecia uma expressão de dor...o manto já sem cor cobria-lhe as dobras do corpo de uma maneira vulgar..O diabo se perguntou então...por onde vagou esse velho sacerdote? De onde ele surgiu...? Ah... Por alguns instantes o diabo chegou até a pensar que o monge também fosse um espírito, que por alguma razão atraia a outros, visivelmente menores e sem forças...
      Então ele resolveu se mostrar...saiu das sombras por detrás do sino enferrujado que jazia no chão...imediatamente os outros espíritos se dissiparam...ficando ao seu redor apenas uma nuvem esbranquiçada e etérea que vez ou outra assumia a forma de um menininho perdido...
      O velho monge abriu seus olhos quando o diabo se aproximou...mas não demonstrava medo...abriu a boca,seus lábios ressecados silabaram algo que nem sentidos aguçados puderam decifrar...após relutar por alguns instantes com as limitações que sua reclusão impusera, o velho disse:
      – Tu os espantaste...também os libertaste?
      Sua voz era áspera...porém de uma lucidez que contrastava com sua imagem perdida e cansada...
      – Não – respondeu o diabo.. – eu não possuo tal poder...ainda..
      – É uma pena.... – disse o padre com pesar em sua voz –...é uma pena...porque eu não posso, também, ajudar....mas tu me aliviaste por alguns instantes...embora o pequeno Lucca ainda continue a me envolver e a me rodear em sua lamúria...
      O velho monge levou ambas as mãos junto ao rosto, unindo-as numa prece apertada e desesperada...gemeu, sua voz, agora trêmula...O diabo se aproximou do velho...olhando ao seu redor procurando por vestígios, por respostas para esse tormento...que poucas vezes vira num mortal...
      Sentou-se à sua frente...O velho esquivou-se ao olhar dele...
      –Eu sei o que tu és... – disse o ancião– e te peço que se foi o anjo da morte que te enviou a mim, como o arauto de minha desgraça...volte!...e diga-lhe que minha desgraça acompanha-me em meus dias...eu me arrasto com ela já há muito tempo..
      O diabo riu.. baixinho... em respeito à dor do velho...e a consciência de que aquela dor era necessária...
      – Quem são essas almas que te perseguem? - Perguntou -
      – Almas...és tão generoso com elas...com sua aparência...com sua dor...Almas...almas existem quando a consciência ainda as domina...após essa morte tão violenta e desnecessária...tudo quanto resta de seus vestígios e pensamentos é dor...revolta...sem entender sequer a vida que abandonaram...e o pós-vida a que foram lançados...Deus...o que Deus reserva a eles senão esse sofrimento?...seria castigo ao próprio Satã?
      - Na verdade, velho homem - confessou-lhe o diabo - pouco sei sobre isto pois sou um diabo muito novo, ando pelo mundo à cata de experiência, à busca de mais fonte do mal, farta entre os homens.
O velho padre olhava-o agora curioso... com seus sentidos desenvolvidos....procurando, naquele diabo singular, algo que pudesse compreender...
      – E porque vires à casa do bem? Aqui, neste velho templo abandonado ainda existe a luz..- disse ele. E naquela hora, como que para corroborar o que o monge dizia, infiltrou-se um envergonhado raio de sol por uma das inúmeras frestas...a chuva parara..

II

      O O diabo fêz cara de surpresa e respondeu após meditar por instantes...
      – Eu não me importo com a luz do sol...mesmo que seus primeiros raios sejam tão dolorosos, que me atinjam como flechas...
      – Tu és mais digno de tua condição do que muitos, disse-lhe o monge...- sinto em ti tamanho domínio...e ao mesmo tempo...tamanha dúvida..quem és tu na verdade?
      O diabo não respondeu sua pergunta, embora a expressão cunhada em seu rosto deixasse claro que sua presença ali não poderia ser hostil...o olhar curioso do monge lhe era mais ameaçador do que sua presença para o velho padre... porém, tanto sofrimento e dor atraíam o diabo...era instintivo como já foi dito...ele não podia se furtar a estas manifestações, não pelo simples deleite em testemunhar tamanho martírio, mas sim pela curiosidade... de ser esse um fato tão raro em tanto tempo... como os velhos espíritos de Praga ou Bistritz...que muito o ensinaram sobre a dor... isso poderia ser como uma máscara ao seu próprio sofrimento...
– Conte-me sobre os espíritos..quem são eles....que... representa para eles?
– Ah...viestes para me torturar...para me fazer lembrar mais e mais...mais e mais por tudo o que resta dessa noite...se ao menos eu pudesse acreditar que podia libertá-los ao contar sobre eles...
Enquanto ele falava, a  nuvem ao redor, vagarosamente se transformou no menininho, que com seus olhos fundos, seu rosto ressequido e pálido, corria ao padre e puxava suas vestes quase as rasgando...
– Este é Lucca –Disse ele... – Essa coisa que vês rasgando minhas vestes...um dia foi meu sobrinho Lucca...tinha oito anos apenas quando aconteceu...e eu testemunhei...um a um naquela noite...um a um se perder. Tanta ignorância, intolerância, mêdo...Eu vi...quando suas carnes foram rasgadas e o sangue arrancado de suas gargantas...como se suas almas...fossem arrancadas...eu sofri o horror duas vezes, diabo...ao vê-los morrer, impotente nas mãos daqueles carrascos, e sofri novamente ao testemunhar o desespero de suas almas, tentando se agarrar ao cordão que os unia ao corpo...algumas se jogavam contra seus assassinos...inutilmente desferindo golpes e mordidas...entenda, jovem diabo..que nenhum deles naquele momento tinha noção...e talvez Lucca não tenha até hoje, nenhum deles tinha nenhuma noção do que havia acontecido...que estavam mortos...e longe da salvação que devotaram em vida...isso é justo?...seria Deus justo?
      Então sua dor se explicava... e também sua revolta...a velha luta entre a crença na bondade de Deus e a descoberta da maldade...buscar a explicação para o sofrimento...e seu conhecimento nos espíritos...espíritos que sua fé cristã sempre negara...que conflito!
      O diabo admirou o monge por sua força...em conter suas blasfêmias...mas não pode sentir pena...pois a culpa que atribuía a si mesmo fazia dele mais um entre os fracos...
      –Diabo...me diga...em tua noite eterna...na hora de tua morte...encontrarás a Deus?
      - Ah! hei de encontrá-lo...!! Afinal, velho, não sou eu também, uma de suas criações? Meu pai já pertenceu às suas hostes de luz. Entramos em tempos que são outros. Não consigo me ver, neste papel de demônio, sem me questionar nas raízes, talvez fazendo o caminho inverso ao de Lúcifer. E esta insatisfação, este mal estar.. é coisa de Deus a me tentar.. Há Deus nisso,velho?
      O velho monge riu, porém as gargalhadas pareciam ferir seus pulmões...sofria de tuberculose...e era nítido que procurara aquela solidão na velha igreja em busca de uma morte pacífica...junto aos seus espíritos...
      – O que vejo aqui?..- Disse o velho entre acessos de tosse - Perdeste tua fé no mal...
      –Eu nunca tive...nasci do próprio mal...Desconheço este sentimento....
      –Tragédia para tu então, meu pobre diabo – murmurou o velho - Eis que teus questionamentos são provas irrefutáveis de uma consciência. Consciência é uma arma tremenda do bem..
      Ele suspirou, procurando haustos de um ar difícil de absorver.
      Enxugando o rosto com as costas da mão....o diabo levantou-se...
      – Então já vai - Conseguiu dizer o velho entre arquejos - Fique mais um pouco...deixe-me invejar tua condição...
      – Invejaria minha imortalidade velho? Dia chegará que ainda nos veremos.. não como estamos agora, velho..
      – Não – respondeu firmemente o velho monge – Não.!!..Invejo tua capacidade de raciocinar com tal clareza...em meio à loucura...e ao círculo de morte, sofrimento e dor que te envolve...invejo o fato de que o sangue daqueles que desgraças lhe alimente a vida...ao invés de morte...
      – Vida em morte...velho... não seria algo que gostaria de sentir...coloca a mão em teu peito, sente teu coração bater?       
      – O velho meneou a cabeça fazendo que sim  
      - Pois conforta. E estes batimentos mostram a vida. Vida dedicada, pelo menos em síntese, a Ele.. Deus. Talvez seja esse o imenso prazer de um diabo como eu...pois esse vazio em meu peito...me comprime a minha condição...
      O velho monge deu um gemido dolorido, engoliu em seco e fechou os olhos...
      – Vou dormir diabo...preciso dormir...
      O velho cerrou os olhos e adormeceu.. Adormeceu rapidamente...e seus espíritos retornaram. Um a um se enfileiraram ao seu redor...e cantaram para ele um hino de mau agouro...
      O jovem diabo se aprumou e deixou a igreja. Caminhou pelo terreno abandonado que ficava ao lado do corpo principal da velha igreja, pensativamente, e  em direção ao cemitério antigo...com suas lápides tortas e envelhecidas, situado no fundo da mesma.

III


      Uma paz antiga tomara conta daquele diabo. Ele deitou-se na grama molhada esperando que novos raios de sol,
vencessem o plúmbeo do céu e atingissem seu rosto como gotas de cera derretida. A luz desceu do céu respostando
mas logo o flagelo cessou...O diabo não tinha dúvidas quanto aos seus poderes e limitações...e conforme o velho tinha dito...isso lhe servia de conforto?
      O diabo não compreendia sacrifícios...por toda sua jovem vida, de apenas algumas centenas de anos ele os presenciara...e não podia agora, se conformar com a desistência do monge ante sua luta...que poderes maravilhosos possuía ele para um mortal! Que ser das trevas não poderia se tornar?
      Ele teria consciência o bastante e fé o bastante para mudar suas condições? A força gerada no sofrimento inglório poderia ser uma alavanca poderosa, a lhe dar ainda mais mais forças para lutar!!...
      O diabo adormeu com esse devaneio...
      Quando voltou ao sótão na noite seguinte, ele encontrou o monge na mesma posição que adormecera...Assim que o viu, soube que estava morto...morrera no sono, acalentado pelas vozes de seus espíritos...e eles já não se encontravam lá...Em um ímpeto de fúria, o diabo os procurou por toda igreja, procurou também pela alma do velho, mas não encontrou nenhum vestígio dela, nem rastros...nem sussurros....nem gritos...se o velho se fora  em paz ele não saberia dizer...mas lamentou o fato de não ter tido chance de mostrar a ele tudo o que poderia oferecer. Será que ele aceitaria?.Talvez seus espíritos tivessem então, o castigo que mereciam...
      A luz da lua pálida, iluminava a noite que acabara de fazer-se plena...ele não iria infernizar a ninguém naquela noite...sentou-se novamente no cemiteriozinho para deixar que sua mente o levasse novamente para o passado. Que tempos eram esses?...tempos desleais...Ele parecia embriagado no torpor dos pensamentos do monge que ainda ecoavam em sua mente...se misturavam aos seus ...faziam-no rir...
      -Vida em morte, velho...ao menos tu pode morrer...e não sentir nisso...vergonha
      - Para mim...seria vergonhoso morrer agora...E um diabo não pode morrer..Mas posso pensar... pensar..
     Pingos de água o acertaram... a chuva voltara e  acariciava a noite...      
     
   MariaAntonietaRdeMattos.
     
http://mariaantonietta.multiply.com/
   mariahantonieta2003@yahoo.com.br
 

Photobucket - Video and Image Hosting